13/03/2014
às 15:39 Fonte: novaslistas.com.br |
Prezada Letícia,
Antes de mais nada, gostaria de dizer que admiro seu talento como atriz e também te considero muito bonita. Infelizmente, você tem endossado certas ideias um tanto estapafúrdias, aplaudido regimes nefastos como o cubano, e alegado que se arrepende de ter usado uma camisa com a bandeira americana no passado, chegando a afirmar que se fosse hoje usaria uma com o Che Guevara.
Ontem, sua casa no Itanhangá foi assaltada por bandidos armados, que lhe fizeram de refém enquanto sua filha dormia logo ao lado. Lamento o que você passou, pois deve ser, sem dúvida, uma experiência traumática. Nossa casa é nosso castelo, e se sentir inseguro nela é terrível, especialmente quando temos filhos menores morando com a gente. A sensação de impotência é avassaladora, e muitos chegam a decidir se mudar do país após experiências deste tipo.
O que eu gostaria, entretanto, é que você fosse capaz de fazer uma limonada desse limão, ou seja, que pudesse extrair lições importantes desse trauma que ajudassem a transformá-la em uma pessoa melhor, mais consciente dos reais problemas que nosso país enfrenta. Se isso acontecesse, então aquelas horas de profunda angústia não seriam em vão.
Como você talvez saiba, sou o autor do livro Esquerda Caviar, que fala exatamente de pessoas com seu perfil (aproveito para lhe oferecer um exemplar autografado, se assim desejar). Artistas e “intelectuais” ricos, que vivem no conforto que só o capitalismo pode oferecer, protegidos pela polícia “fascista”, mas que adoram pregar o socialismo, a tirania cubana ou tratar bandidos como vítimas da sociedade: eis o alvo da obra.
Essa campanha ideológica feita por esses artistas famosos acaba tendo influência em nossa cultura, pois, para o bem ou para o mal (quase sempre para o mal), atores e atrizes são formadores de opinião por aqui. Quando um Sean Penn, por exemplo, abraça o tiranete Maduro na Venezuela, ele empresta sua fama a um regime nefasto, ignorando todo o sofrimento do povo venezuelano. Isso é algo abjeto.
No Brasil, vários artistas de esquerda têm elogiado ditaduras socialistas, atacado a polícia, o capitalismo, as empresas que buscam lucrar mais de forma totalmente legítima, etc. Muitos chegaram a enaltecer os vagabundos mascarados dos black blocs, cuja ação já resultou na morte de um cinegrafista.
Pois bem: a impunidade é o maior convite ao crime que existe. Quando vocês tratam bandidos como vítimas da sociedade, como se fossem autômatos incapazes de escolher entre o certo e o errado, como se pobreza por si só levasse alguém a praticar uma invasão dessas que você sofreu, vocês incentivam o crime!
Pense nisso, Letícia. Gostaria de perguntar uma coisa: quando você se viu ali, impotente, com sua propriedade privada invadida, com armas apontadas para a sua cabeça, você realmente acreditou que estava diante de pobres vítimas da “sociedade”, coitadinhos sem oportunidade diferente na vida? Ou você torceu para que fossem presos e punidos por escolherem agir de forma tão covarde contra uma mãe e uma filha em sua própria casa?
Che Guevara, que você parece idolatrar por falta de conhecimento, achava que era absolutamente justo invadir propriedades como a sua. Afinal, o socialismo é isso: tirar dos que têm mais para dar aos que têm menos, como se riqueza fosse jogo de soma zero e fruto da exploração dos mais pobres. Você se enxerga como uma exploradora? Ou acha que sua bela casa é uma conquista legítima por ter trabalhado em várias novelas e levado diversão voluntária aos consumidores?
Nunca é tarde para aprender, para tomar a decisão correta. Por isso, Letícia, faço votos para que esse desespero que você deve ter sentido ontem se transforme em um chamado para uma mudança. Abandone a esquerda caviar, pois ela não presta, é hipócrita, e chega a ser cúmplice desse tipo de crime que você foi vítima. Saia das sombras do socialismo e passe a defender a propriedade privada, o império das leis, o fim da impunidade e o combate ao crime, nobre missão da polícia tão demonizada por seus colegas.
Te espero do lado de cá, o lado daqueles que não desejam apenas posar como “altruístas” com base em discurso hipócrita e sensacionalista, daqueles que focam mais nos resultados concretos das ideias do que no regozijo pessoal com as aparências de revolucionário engajado. Será bem-vinda, como tantos outros que já acordaram e tiveram a coragem de reconhecer o enorme equívoco das lutas passadas em prol do socialismo.
Um abraço,
Rodrigo Constantino
Obs: um PS foi escrito após tanta repercussão, e vai abaixo:
13/03/2014 -
às 23:20
A carta aberta que escrevi para a atriz Letícia Spiller, assaltada em sua própria residência ontem, causou enorme celeuma e já foi, em poucas horas, lida por mais de 250 mil pessoas. A grande maioria tem elogiado, o que nos enche de esperança com o país, pois muitos estão cansados do sentimento de impunidade que reina por aqui.
Mas várias críticas têm surgido sobre o momento inoportuno, a falta de respeito por “usar” o sofrimento dela para promover meu livro, ou um suposto tom de “bem feito”. Nada mais falso. A carta não contém ironia, tampouco eu desejaria que algo tão terrível, como ter bandidos armados em sua própria casa, acontecesse com ela (não desejo isso nem ao Sakamoto!). Eu realmente lamento o ocorrido.
Também não preciso promover meu livro, pois ele já é um best-seller, com mais de 20 mil exemplares vendidos, e eu sequer dependo desta renda para viver (o que não quer dizer que seja ruim ganhar um extra com meu trabalho, viu, Record?). Portanto, essa crítica de oportunismo não se sustenta e mais parece projeção da própria esquerda materialista, que só pensa em dinheiro, por mais que sempre diga o contrário.
O momento foi inoportuno devido ao sofrimento da atriz? Não creio! Afinal, ela está bem, nada de pior aconteceu (felizmente), está em segurança, com a família, apesar de provavelmente ainda sentir angústia com a noite assustadora que passou. Mas isso quer dizer que o momento é justamente oportuno! Explico.
Alguns perguntam se já tive arma apontada na cabeça, como se com tal pergunta pudessem me desmoralizar como alguém insensível diante da dor alheia. Respondo: já, sim. E foi muito desagradável. Não foi em casa, e sim no carro. Uma arma prateada que bateu no meu vidro, com o marginal demandando meu relógio, que fora presente de casamento dos meus pais (valor emocional, se é que alguns esquerdistas compreendem isso).
Eu até já contei esse caso aqui em outra ocasião. O fato é que tinha minha filha com apenas um aninho em casa me esperando, e mantive a maior calma do mundo, entregando o relógio sem gestos bruscos. Quando me vi em segurança, longe do vagabundo, a perna tremeu um pouco. Não é uma sensação boa estar entre a vida e a morte sob a mira de uma arma.
Mas aqui vem a parte importante: esse momento tenso ajudou a mudar, em parte, minha vida, quem eu sou, e para melhor. Eu era muito jovem, e mais ligado a bens materiais. Na verdade, tinha coleção de relógios, pois os adorava. Tudo isso pareceu pouco importante perto de continuar vivo e poder chegar em casa e ver o sorriso de minha filha.
Experiências traumáticas podem, sim, mudar a gente. E foi exatamente com isso em mente que escrevi a carta para a atriz, aproveitando este momento delicado que ela enfrenta. Oportunismo sim, mas no bom sentido. Como eu acredito no livre-arbítrio, tanto dos bandidos como dos artistas, acho que a Letícia Spiller pode mudar, usar essa experiência para se dar conta de que vem defendendo bandeiras muito erradas, que apenas incitam a criminalidade ao tratar bandidos como vítimas da “sociedade”.
Infelizmente, a reação de muita gente diz mais sobre eles mesmos do que sobre mim. Felizmente, foi uma minoria perto da imensa maioria que compreendeu o espírito da coisa. Há luz no fim do túnel…
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