A figueira da Praça Dr. Coelho Gomes, que um vereador pediu para ser poupada, e que foi ao chão no final dos anos 1960 ou início de 70 - Foto: Arquivo pessoal Fernando Lemos |
- 1848 -
"Para descongestionar a rua da Ponte (depois da Calçada, do Mauriti e hoje Luiz Barreto), mandou a Câmara abrir uma rua que do Largo da Biquinha (depois do Mercado e hoje Dr. Coelho Gomes), fosse à Varzea do Villaça (hoje Praça da Concórdia). Daí a hoje rua 3 de Maio. Apoiando a indicação, ponderou o vereador padre Melo, se evitasse sacrificar a figueira, frondosa árvore que ao tempo informava o sacerdote, contava 50 anos. E indicou mais, mandasse a Câmara arborizar as ruas da cidade e estradas de rodagem e proibisse o abuso da devastação das matas do município." Texto extraído do livro "Resende - Cem anos de Cidade" de Itamar Bopp (págs. 30 e 31 do exemplar nº 139) - Única Edição - Gráfica Sangirard - G. Fonseca & Santos Ltda.Atualização: A rua 3 de Maio, citada no texto acima; atualmente - 2011 - denomina-se Ezequiel Freire.
Comento:
Diz o padre Melo, no texto, que a figueira em 1848 tinha 50 anos. Deduz-se, pois, que ele a conhecia desde 1798. Foi derrubada por volta de 1970. Ao ser "sacrificada", parodiando o padre vereador, estava com "apenas" 172 anos. Isso não nos diz nada? Naquele tempo, não existia a figura do prefeito. Não existiam órgãos específicos como a AMAR, nem ONGS, nem nada. Prevalecia o bom senso entre os pares. Quem administrava era o Presidente da Câmara e o colegiado de 9 vereadores. E a figueira foi preservada. Será que quando a assassinaram, aos 172 anos, estava representando algum risco? Não creio. Estive por mais de uma vez sentado aos seus pés - por volta de 1968 - conversando com o pessoal da Turma da Figueira, como eram conhecidos os meninos que por ali faziam seu ponto de encontro - e ela me parecia firme e forte. E hoje, o que está acontecendo? Vemos a cada dia que passa, corte de exemplares sem nenhuma justificativa. E - para não dizer que cortaram na raiz - fazem podas radicais, que condenam as pobres mutiladas a se tornarem apenas troncos oferecidos aos cupins para a devora final. Muitas dessas árvores que hoje estão sendo "sacrificadas", podem ser ainda aquelas vívidas na citação do padre Melo quando mandou "a Câmara arborizar as ruas da cidade e estradas de rodagem" e proibiu o "abuso da devastação das matas do município" . É isso, um pouco de História não faz mal a ninguém, pois é nela que aprendemos a administrar o nosso futuro. Vamos ver se o bom senso consegue vencer o argumento do "isto está de acordo com a Lei", não só no caso da arborização da cidade, mas também no da construção do edifício da Câmara Municipal, a fim de que possamos voltar a chamar o centro histórico, de Centro Histórico. O casarão caiu, por descaso do executivo e descuido do legislativo. Tivessem se interessado em preservar o imóvel, ele ainda estaria lá. Afinal, uma simples figueira resistiu 172 anos por vontade e bom senso da edilidade. Está nas mãos dos nossos representantes a decisão de se construir um prédio em linhas modernas, ou reedificar - ao menos a fachada - mantendo os traços do casarão que alí reinou por mais de um século. Está nas mãos deles: daqueles a quem nós pagamos para nos representar, mas que quase nunca nos ouvem, como se donos e deuses fossem - e que fazem essa investidura temporária ter o poder equivocado da decisão final.
Á sombra dessa árvore foram realizados os primeiros cultos de evangélicos batistas que deram origem a Primeira Igreja Batista de Resende.
ResponderExcluirA igreja completa 70 anos de sua fundação agora em 2011.
Minha mãe, Dona Zilda, é uma das fundadoras da igreja
Um abraço,
Celso Dutra
Celso, agradeço pelo comentário e comento eu: A sombra de 140 anos trouxe inspiração divina para a fundação de uma das mais importantes igrejas de evangelização de Resende.
ResponderExcluirAbração, amigo.
É sempre bom ler textos que falam sobre a história de uma cidade.
ResponderExcluirO que me dá tristeza é ver que tantas pessoas não dão valor a fatos históricos.
Valeu, Fernando!
Você deveria escrever um livro contando fatos reais que aconteceram no passado nesta bela cidade.
http://oliveirabicudo.blogspot.com.br/
Obrigado Carlucio. É sempre bom encontrar pessoas que se interessem por nossa história.
ResponderExcluirForte Abraço e...
Namastê.
Tardiamente acrescento comentário...O dever de justiça tirou-me da letargia a que somos levados, todos nos, pelo absurdo cotidiano que sufoca, constrange e muitas vezes embrutece.
ResponderExcluirDevemos reconhecer,tenha consciência disto caro Fernado Lemos, deixando de lado sentimentos menores que eventualmente possam campear nos meios culturais da cidade, que seu primoroso BLOG foi e continuará sendo o mais confiável reduto para salvaguarda de nossa história, costumes e tradições.Prossiga dileto amigo e conte sempre com miha admiração e apreço.Fraternos abraços José alberto somavilla
José alberto Somavilla deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Resende - 1848. Aprendendo com a História":
ResponderExcluirTardiamente acrescento comentário...O dever de justiça tirou-me da letargia a que somos levados, todos nós, pelo absurdo cotidiano que sufoca, constrange e muitas vezes embrutece.
Devemos reconhecer,tenha consciência disto caro Fernado Lemos, deixando de lado sentimentos menores que eventualmente possam campear nos meios culturais da cidade, que seu primoroso BLOG foi e continuará sendo o mais confiável reduto para salvaguarda de nossa história, costumes e tradições.Prossiga dileto amigo e conte sempre com miha admiração e apreço.Fraternos abraços José Alberto Somavilla
Estou publicando, pois recebi a comunicação do Blogger por e-mail, mas, curiosamente, não abre a moderação. Por isso, aparece como um comentário meu, mas de fato, é do amigo Somavilla.
Obrigado pelo comentário Somavilla. São observações assim que nos estimulam a continuar, embora os poderes constituídos, quase nunca, tomam conhecimento de nossa luta pelo bem da nossa terra amada.
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