***RUI BARBOSA***

***RUI BARBOSA***
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
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domingo, 31 de maio de 2009

MARIA ELISA E TALITA CAMPEÃS: OURO DA CORÉIA VEIO PARA RESENDE!

Maria Elisa (direita) e Talita. "Comendo" o ouro em Seul.

Apesar do clima tenso pela possibilidade de guerra entre as Coréias (norte e sul), a resendense Maria Elisa Antonelli e sua parceira Talita Antunes conquistaram na madrugada de hoje, 31/05/2009 (05:07h horário de Brasília) em Seul, na Coréia do Sul, a medalha de ouro da quarta etapa do Mundial de Volley de Praia.
Depois de fraco desempenho em Brasília, quando ficaram em 13º lugar, foram à China e faturaram o ouro do torneio. Ficaram com o vice (prata) no Japão e reconquistaram (invictas) o ouro em Seul. Com esses resultados, mantiveram a liderança do mundial com 1.920 pontos, seguidas pelas outras três duplas brasileiras empatadas com 1.500 pontos: Juliana/Larissa, Maria Clara/Carol e Renata/Val, que vão tentar a recuperação em Stavanger na Noruega, entre os dias 25/06 a 04/07/2009.
Na etapa de Xangai, na China, Maria Elisa foi eleita a melhor atleta da competição. Em Seul esta honra coube a sua parceira Talita. Maria Elisa recebeu ainda um troféu especial.
Pódio Oficial do Torneio. Maria Elisa/Talita no TOP da competição. Orgulho para Resende!!!

O desempenho da dupla campeã no torneio de Seul foi:
Jogo 1: 28-Maio - Blundell-Scarlett NZL X Talita-Antonelli BRA 0-2 (23-25, 15-21) 41 minutos.
Jogo 2: 28-Maio - Saka-Rtvelo GEO X Talita-Antonelli BRA 0-2 (15-21, 16-21) 34 minutos.
Jogo 3: 30-Maio - Van Iersel-Keizer NED X Talita-Antonelli BRA 0-2 (14-21, 19-21) 37 minutos.
Jogo 4: 30-Maio - Ross-Kessy USA X Talita-Antonelli BRA 1-2 (20-22, 21-18, 13-15) 1:02 hora.
Jogo 5: 30-Maio - Talita-Antonelli BRA X Klapalova-Petrova CZE 2-0 (21-12, 21-10) 30 minutos.
Jogo 6: 31-Maio - Talita-Antonelli BRA X Ross-Kessy USA 2-0 (22-20, 21-16) 45 minutos. (Final)

A nossa campeã retorna agora ao Brasil onde vai continuar disputando o Circuito Banco do Brasil de Volley de Praia (Campeonato Brasileiro), interrompido para a disputa do Mundial.

Que tenham o mesmo desempenho vencedor por nossas praias também!
Parabéns meninas! Que façam boa viagem de retorno à pátria e sejam muito bem-vindas!!!

Pesquisa e Texto: Fernando Lemos

Veja mais fotos em slide show, no RESENDE NOTÍCIAS

Fonte e fotos: FIVB/Divulgação

sábado, 30 de maio de 2009

CORÉIA DO SUL - MARIA ELISA/TALITA NA FINAL

Maria Elisa em ação no jogo contra as americanas Ross/Kessy. Muita garra!

Com desempenho arrasador e de muita garra, a resendense Maria Elisa Antonelli e sua parceira Talita Antunes conquistaram em Seul (Coréia do Sul) o direito de disputar a final do Campeonato Mundial de Volley de Praia contra as americanas April Ross/Jennifer Kessy, que elas já haviam derrotado em jogo emocionante (22-20, 18-21, 15-13) que durou 01:02 horas, nesta madrugada de sábado, um dos mais longos do torneio. Na semi-final, quando se esperava mais um jogo muito duro, arrasaram a dupla tcheca Klapalova-Petrova (21-12, 21-10) em exatos 30 minutos. Invictas na competição, perderam apenas um set justamente contra as americanas que vão enfrentar às 17:07h deste domingo (hora local de Seul).


Maria Elisa (direita) e Talita em Seul. Segunda final consecutiva.

Diferente da etapa japonesa, onde tivemos brasileiras disputando a final, as outras duplas brasileiras ficaram no meio do caminho: Larissa e Juliana em sétimo, Maria Clara e Carol em quinto e Renata/Val disputam o terceiro lugar no jogo que antecede a grande final.

Vista do Complexo Esportivo montado em Seul para a disputa do torneio.

Agora é torcer e desejar boa sorte à nossa conterrânea. E que venha mais um ouro para Resende.

Fonte e fotos: FIVB

domingo, 24 de maio de 2009

NA TERRA DO SOL NASCENTE, MARIA ELISA BRILHA NOVAMENTE!!!

O podium em Osaka (Japão) no momento do Hino Nacional Brasileiro, dia 24/05/2009.


OSAKA (Japão) – A resendense Maria Elisa Antonelli continua sua carreira vitoriosa na temporada internacional 2009 de Volley de Praia. Desta vez foi em Osaka, no Japão. Ela e sua parceira Talita Antunes conquistaram na madrugada deste domingo, 24/05/2009 (03:00h - horário brasileiro) o vice-campeonato (medalhas de prata) da 3ª etapa da Swatch FIVB World Tour, quando perderam na final para Juliana/Larissa em jogo emocionante e disputado ponto a ponto numa das partidas mais longas da competição (01:05h) com parciais de 26/24, 19/21 e 18/16. A medalha de bronze ficou com a dupla holandesa, Van Iersel/Keizer (3º lugar).

Para chegarem à grande final, enfrentaram e venceram os outros fortíssimos conjuntos brasileiros de Renata/Val (17-21, 21-11, 15-13), que terminaram em 7º lugar e no jogo mais longo do torneio, que se estendeu por uma hora e sete minutos, as badaladas irmãs Maria Clara/Carol (20-22, 25-23, 12-15) ficando essa dupla em sexto lugar. Com esses resultados, Maria Elisa/Talita lideram o ranking mundial/2009 com 1.320 pontos, contra 1.200 pontos de Juliana/Larissa, que empatadas com as alemãs Sara Goller/Laura Ludwig, estão ranqueadas na segunda colocação do mundial.
Além das duplas brasileiras, Maria Elisa/Talita venceram mais 3 jogos: Akers/Turner (USA), Van Breedam/Mouha (BEL) e Borger-Brink-Abeler (GER).

Parabenizamos nossa estrela Maria Elisa por essa conquista, que certamente entrará para os anais da história esportiva de Resende, e desejamos êxito na próxima etapa do mundial; que será disputada em Seul (Coréia do Sul), já na semana que vem, de 26 a 31 deste mês.

Para ver mais fotos em slide show e outros detalhes, use o link Resende Notícias ®

sábado, 16 de maio de 2009

Rio de Janeiro – Urgente!!!

Foto: Site Resende Fotos - Para ampliar: Clique na foto
Em meados dos anos cinqüenta, os meios de transporte entre Resende, Rio e S.Paulo eram trem ou carro. Como quase ninguém tinha carro e trem demorava muito, o Henrique (Didinho) Andréa, juntamente com seu amigo e sócio Isaac Politi, montaram o “Expresso Anita”. Empresa para transporte de passageiros com linha regular diária entre as duas cidades e adjacências. Era uma coisa pequena. Frota de uns dez, doze veículos. Não eram ônibus. Eram carros comuns, todos importados. Tinha Ford, Chevrolet, Cadillac, Studbacker, Mercury, Oldsmobile, Pontiac, Plymouth...coisas assim. Todos enormes e pretos, cheios de detalhes cromados, pneus banda branca, pesadões, mas com muito conforto para os passageiros, além de motores potentíssimos. Um bichão desses na estrada era como um tanque de guerra. Só que em altíssimas velocidades... E tinham os motoristas (cada um escolhia um carro e era responsável por ele). Dentre eles, um meio malucão de apelido “Alemão” (Walter Pfaff). Tipo falastrão, alourado, voz grave, sorriso largo, alto, magro, olhos muito azuis, nariz avantajado. Excelente profissional porque inclusive entendia de mecânica e era um grande praça. Um dos preferidos da empresa. Todo mundo gostava dele.
Um dia, numa das viagens do “Alemão” ao Rio, a coisa não deu muito certo. Furou pneu, motor falhou, pane elétrica, chuva forte, enfim, atrasou... Dentre os passageiros estava um sujeito muito importante na hierarquia da maior empresa de Resende na época. Era o contador da Comº e Indª Luiz Rocha. A empresa era realmente uma potência. Em chegando de volta, o tal sujeito importante reclamou muito do motorista (apesar do Alemão ter ido e voltado encharcado, fedendo e imundo de graxa e lama pra dar conta da empreitada). Reclamação feita... Bronca da empresa no Alemão!!! E que bronca... Quem conheceu o Didinho sabe como era. Só faltava espancar...
Não existe nesse mundão de Deus, classe mais unida e sacana que a de motoristas. Depois da bronca, o Alemão, injuriado e já vermelho de raiva, queria porque queria saber qual o passageiro que reclamou. Seus colegas de ofício, pra ver o circo pegar fogo, entregaram o tal contador da Luiz Rocha. O Alemão apenas resmungou alguma coisa ininteligível e foi pra casa. Passados alguns dias, eis que surge um único passageiro para o Rio. Era o contador. O motorista escalado fingiu um mal estar (combinado entre eles) e escalaram o Alemão pra levar o homem. Antes de partir, recebeu recomendações de “por favor, vê se não atrasa e nem se suja que o cara é importante”. O Alemão só dizia... “Não vai atrasar de jeito nenhum, fiquem sossegados... E nem vou me sujar... Deixa comigo!”.
Vale um adendo: A garagem e ponto de partida do Expresso Anita era onde hoje tem a casa de móveis do Bosco, ao lado da Revistaria Agulhas Negras na Alfredo Whately, que era mão dupla na ocasião. Para entrar na Dutra (novinha em folha e de mão dupla também), saindo da garagem, entrava-se na Luiz Pistarini (Unibanco), atravessava-se a linha férrea ao final da rua, que tinha uma cancela e sinal pra avisar que vinha trem (tem a subidinha lá até hoje) e já caía direto na Rodovia. Pra direita Rio, esquerda, S.Paulo.
Pois bem... Na hora da partida, o tal sujeito importante ainda perguntou, na frente do Alemão se não tinha outro motorista... Ele tinha compromisso importante, não podia atrasar e coisa e tal... O Alemão só olhava e ficava vermelho... Chegou a hora de partir. Motorista ao volante, passageiro no banco de trás... O Alemão engrenou uma primeira, saiu cantando pneu! E deu um grito: “Hoje eu quero morrer!!!” Quando entrou na Luiz Pistarini, já estava passando dos 100km por hora... Passou pela linha do trem sem tocar nos trilhos (o carro voou como uma moto de motocross). Quando bateu no chão do outro lado (o barulho foi de assustar mesmo!!!), o perito Alemão já entrou com o volante pra direita e, literalmente, caiu na Dutra deixando um poeirão danado pra trás. O pessoal que tava no posto do “seu” Sabido (em frente ao atual Sul Americano) correu pra ver se era acidente e nem viram o carro preto que já subia à toda para o Paraíso. O importante passageiro gritou alguma coisa, sem sucesso... O Alemão só respondia com grunhidos tipo... Hummmm, Hummmm... Isso quando não ofendia a mãe do pobre contador. De vez em quando botava a cara pra fora e gritava ao vento que lhe batia no rosto, que ia morrer de qualquer jeito. E tome de acelerador no fundo. Freio era coisa que não tinha serventia naquele dia.
Normalmente fazia-se uma parada antes da descida da Serra das Araras. Nesse dia não teve parada... Quando dava, o passageiro tentava ver a paisagem pela janela. Mas mal ele se encostava de um lado, o Alemão dava um galeio no carro que jogava o coitado para a outra janela. Desceram a serra como loucos... Cada curva o Alemão soltava um impropério e o passageiro apenas choramingava... “por favor, tenho família, filhos pra criar...” e mais não dizia porque outra curva vinha, os pneus gritavam e ele se encolhia novamente. Na baixada, passaram como se fosse um avião prestes a levantar vôo... O Alemão repetia sua oração: “Hoje eu quero morrer!!!” com a cara pra fora do carro, comendo ar. Entraram na cidade no mesmo embalo e finalmente chegaram na Praça Mauá. O Alemão desceu, ergueu os braços e berrou: “E tem a volta... Vai dar pra morrer hoje ainda!!!” O importante passageiro-contador não desceu de imediato, mas algum tempo depois. Saiu com a pasta de couro tentando tapar as calças borradas de marrom, todo mijado e fedendo coisa que preste. O Alemão, apontando o dedo pro sujeito lhe disse com aquele sorriso largo que mostrava todos os dentes: “A volta é as l5:30 tá bom? Vê se não atrasa, heim!!! Mas você eu espero até às 16, viu?” Lavou o carro com alegria (por dentro, principalmente), mas... voltou sozinho, bem devagar, fumando os cigarros que economizou na ida.
O Alemão perdeu o emprego (mas voltou tempos depois). O contador também. Pra sempre. E quando perguntavam pro Alemão o que tinha acontecido ele dizia: “Sei lá, parece que o sujeito chegou na tal da reunião meio sujo e fedido...” E soltava uma bela gargalhada!!!

Ps.: Quem me contou foi colega de trabalho do Alemão no Expresso Anita na época do acontecido, e garantiu que o fato é verdadeiro.

©Fernando Lemos – Dez/2006.

Presidente do Supremo Tribunal Federal Ministro Gilmar Mendes tem seis Ministros do mesmo Tribunal na sua folha de pagamentos.



04/Maio/2017 - Atualização e esclarecimentos:

- Quando esta matéria foi publicada em 16 de maio de 2009, a empresa se chamava Instituto de Direito Público (IDP), atual Instituto Brasiliense de Direito Público (IBDP).
 - Alguns links no texto abaixo não direcionam corretamente pois as páginas foram alteradas.
- Em nenhuma página do IBDP é mencionado o nome do Ministro Gilmar Mendes.
- Ao final, foram acrescentadas novas imagens e prints .


Gilmar Ferreira Mendes Presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil (Foto:Wikipédia)
Cópia do E-Mail recebido:

"Bom dia, meus amigos !


É muito triste, e MAIS uma vez DECEPCIONANTE, tomar conhecimento dessa realidade. Leiam, por favor !

Se alguém entrar no site do IDP, Instituto Brasiliense de Direito Público, que é de propriedade do Ministro Gilmar Mendes, vai constatar que entre os professores desse instituto, estão os senhores Eros Roberto Grau, Marco Aurélio Mello, Carlos Ayres Britto, Carlos Alberto Menezes Direito, César Peluzo e a senhora Cármen Lúcia Antunes Rocha .

Ou seja, seis Ministros do STF TRABALHAM para Gilmar Mendes. Daquela lista que assinou o documento de apoio ao presidente do STF, seis ministros na verdade estavam dando apoio AO PATRÃO, pois são obviamente remunerados por este ! E o problema é muito pior.
Pode um STF funcionar de forma imparcial se o seu presidente tem vínculos empregatícios com seis de seus membros ?
Pensem, raciocinem, indignem-se e repassem esse e-mail para todas as pessoas que puderem. Temos que reagir.

E nós pensando que por serem Ministros do STF, seriam todos livres para julgar de acordo com suas próprias consciências, sem terem o "rabo preso com ninguém"...

Abraços a todos vocês !"

Meus comentários:
Pois é...
Recebi o e-mail acima (que reproduzo na íntegra) e fui conferir. Lamentavelmente, é verídico. Por isso estou publicando. Entrando no link mencionado, vamos direto para a página do Corpo Docente do Instituto Brasiliense de Direito Público. E lá encontramos, pela ordem alfabética, os seguintes ministros do Supremo Tribunal Federal: Carlos Alberto Menezes Direito, Carlos Ayres Brito, César Peluso (Vice Presidente do STF), Cármen Lúcia Antunes Rocha, Eros Roberto Grau e Marco Aurélio Mendes de Faria Mello, além do próprio Gilmar Ferreira Mendes, Presidente do Supremo Tribunal Federal. Clicando no nome de cada um deles ficamos sabendo quem são. O absurdo está no fato de que: Sete dos onze ministros que compõem o Plenário do STF trabalham para a mesma empresa, cujo proprietário é um desses sete (Gilmar Mendes).

Preocupei-me então com a veracidade da informação de que o Presidente do Supremo fosse realmente o proprietário do IDP, pois o que tem de "Hoax" e "Pulhas Virtuais" por aí é uma festa! Em: http://www.idp.edu.br/web/idp/content/view/id/365
constata-se que ele é um dos fundadores do mencionado Instituto. Não satisfeito, aprofundei a pesquisa e na Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gilmar_Mendes)
encontrei a biografia do cidadão Gilmar Mendes, onde se lê, dentre outras coisas, o seguinte:

“Empresário de sucesso, Gilmar Mendes fundou, em 1998, juntamente com o Procurador Regional da República Gustavo Gonet Branco e com o advogado Inocêncio Mártires Coelho, o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), uma escola privada que oferece cursos de graduação e pós-graduação em Brasília. Desde 2003, conforme consta das informações do "Portal da Transparência" da Controladoria Geral da União, esse Instituto faturou cerca de R$ 1,6 milhões em convênios com a União. De seus dez colegas no STF, seis são professores desse Instituto, além de outras figuras importantes nos poderes executivo e judiciário. O Instituto se localiza em terreno adquirido com 80% de desconto no seu valor graças a um programa do Distrito Federal de incentivo ao desenvolvimento do setor produtivo. O subsecretário do programa, Endels Rego, não sabe explicar como o IDP foi enquadrado no programa. O belíssimo prédio do Instituto foi erguido graças a um empréstimo conseguido junto ao Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO), gerido pelo Banco do Brasil, cuja prioridade de investimento é o meio rural. Entre os seus maiores clientes estão a União, o STJ e o Congresso Nacional.[3] O ministro confirma que é sócio do IDP e garante que não há nenhum impedimento para isso. "A Lei da Magistratura permite isso expressamente. Não há dúvida"[4].

Se não acreditam, porque é realmente inacreditável, entrem nos links acima e verifiquem vocês mesmo. Parabenizo o cidadão que constatou isso e divulgo por considerar de interesse público.

Fernando Lemos – 16/05/2009

Composição do STF em 2009 - Os membros destacados em amarelo
eram funcionários do IDP - Fonte: STF

Alteração Contratual que vigora atualmente- Fonte: Internet

Quadro de Sócios do IBDP  - Fonte: Ministério da Fazenda

CNPJ do IBDP - Fonte: Ministério da Fazenda

sábado, 9 de maio de 2009

TRÂNSITO - AUDIÊNCIA PÚBLICA DA CÂMARA MUNICIPAL DE RESENDE DISCUTE PROJETO "URBANO HUMANO".

O Secretário de Gestão Estratégica e Planejamento Ton Kneip apresenta o projeto "Urbano Humano". Foto: Fernando Lemos

Em audiência pública promovida pela Câmara de Vereadores de Resende, e realizada no plenário da mesma, o Secretário de Planejamento Ton Kneip apresentou nesta sexta-feira (08/05/09), o novo plano urbanístico e de trânsito para Campos Elíseos e parte do centro da cidade (Rodoviária e adjacências). Presentes; a maioria dos Vereadores da Casa, o Prefeito José Rechuan Júnior, Secretários de Governo, Jornalistas e Cidadãos. O Presidente, vereador Luiz Fernando O. Pedra cedeu ao colega Joaquim Romério a direção dos trabalhos, que solicitou ao autor que iniciasse a apresentação do projeto; adiantando que perguntas poderiam ser feitas ao Sr. Kneip somente após a explanação da matéria. Foi então exibido um áudio-visual (de excelente qualidade) de todo o projeto com o Secretário explicando os detalhes do mesmo.

População compareceu em bom número. Foto: Fernando Lemos

A seguir, o próprio Romério iniciou a sessão de perguntas passando em sequência a palavra aos colegas da Casa (Tivo, Célio Caloca, Carlos Santa Rita, Pedro Paulo Florenzano, Dr. Julianelli) que elogiaram o projeto e solicitaram ao arquiteto maiores informações sobre cruzamentos, vias expressas, entradas para bairros, estacionamento, e também dos recursos financeiros para a execução do ousado intento. O autor respondeu às perguntas com tranqüilidade e bom humor, deixando claro que tinha consciência que o projeto não vai resolver a questão do trânsito na cidade, mas que, com a criação de vias expressas, colocação de sinalização e semáforos em pontos estratégicos acredita na melhoria da fluidez dos veículos e na maior segurança para os ciclistas e pedestres, além do visual moderno que a cidade vai passar a apresentar, podendo se tornar mais uma referência turística a exemplo do que ocorre em outras localidades. Citando o exemplo de Curitiba, que assim como Resende também não foi uma cidade planejada, mas era uma vila que cresceu desordenadamente, o Secretário deixou clara sua inspiração no também arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que modificou aquela cidade paranaense e a tornou referência internacional quando se fala em trânsito.

Secretário Municipal de Gestão Estratégica e Planejamento arquiteto Ton Kneip (Foto: Fernando Lemos)

Foi então dada a palavra aos cidadãos que fizeram perguntas mais específicas, como a entrada para o hospital do Samer para os que vem da Rodovia Presidente Dutra, tendo sido explicado que já se estuda a possibilidade de uma alternativa via acesso leste (Bairro Monet). O Sr. Roque Cerqueira, ex-diretor do Detran em Resende, lembrou que em 1981 quando assumiu o órgão, tinha Resende cerca de onze mil carros circulando, e hoje temos mais de quarenta mil, e nada foi feito nesse período para acompanhar esse crescimento de veículos na cidade, e não poupou elogios ao autor do projeto pela coragem e competência com que elaborou o mesmo, lembrando que já havia trabalhado com o mesmo na remodelação da Casa em que estávamos e que todos podiam ver, ali mesmo, apesar dos que não aceitavam a revitalização, o resultado da obra. O representante do CREA em Resende (cujo nome falhei em anotar, pelo que peço desculpas) também fez uso da palavra para elogiar o Secretário de Planejamento, dizendo que havia mostrado aos colegas do Conselho e mais de 80% deles o tinham aprovado, principalmente pelo fato do autor não ter usado o recurso de novas pontes, viadutos e passarelas, que consumiriam vultuosos recursos financeiros e poderiam inviabilizar a obra. Destacou ainda a “invasão” das calçadas da rua Alfredo Whately, que a tornam proibidas aos pedestres por causa das mesas e cadeiras que os bares ocupam no passeio público. Também fiz uso da palavra para saber sobre a questão das árvores que poderiam ser afetadas ou mesmo cortadas para a implantação do projeto, dando ênfase especial ao pinheiro em frente ao Supermercado Royal (Campos Elíseos) e uma figueira que fica logo na entrada da cidade, próxima a Filtroil. Foi-me garantido que essas duas não seriam mexidas, mas que em frente a Igreja Batista, na Av. Nova Resende, não teria como evitar. Também perguntei sobre o enterramento dos fios nas ruas que o projeto contempla, pois os novos postes e pórticos projetados não fariam sentido com essas linhas de transmissão à vista. A resposta veio de forma subjetiva, informando que isso era uma outra etapa e que as coisas iriam fluir no seu devido tempo. Apesar disso, elogiei o empreendimento e ressaltei mais uma vez que com os “varais”, como bem definiu o autor do plano, o intento ficaria prejudicado, deixando claro também minha posição quanto à questão ecológica.

Sentados, da direita para a esquerda: Prefeito Rechuan e Vereadores: Santa Rita, Pedra e Florenzano. (Foto: Fernando Lemos)

O ex-secretário do governo passado Sr. Ruy Saldanha também se manifestou favorável ao autor e elogiou o projeto, mas fez alguns alertas ao colega quanto ao alargamento das pontes, cujos suportes de aço seriam fixados nos pilares das mesmas, pois o projeto inicial delas talvez não permita que se os utilizem para tal finalidade, oferecendo inclusive os cálculos estruturais que ele conseguiu da ponte Tácito Viana Rodrigues. Também aproveitou para lembrar ao Sr. Kneip quanto aos riscos de ser processado por motivos mesquinhos de “ongueiros”, que não passam de “macaquinhos” das Ong’s estrangeiras, que fazem e desfazem em seus países de origem, mas aqui impõem condições absurdas quando se trata do meio ambiente e tudo fazem para impedir obras do tipo proposto, já que ele sofreu um processo no Ministério Público quando da revitalização da Avenida Rita Ferreira da Rocha (Beira Rio). O autor agradeceu os elogios e aos alertas e encerrou a apresentação, seguido pelo Vereador Romério, que agradeceu a presença de todos e encerrou a audiência pública.

* Um esclarecimento pessoal: Não faço parte de nenhuma Ong e nem copio maniqueísmo de ambientalistas locais, nacionais ou estrangeiros. Jamais processei alguém por questões ecológicas. Sou defensor do meio ambiente por convicção e às minhas expensas, pois acho que tudo e todos fazem parte da cadeia da vida. Respeito a natureza e tudo que nela há, inclusive as pessoas. E sempre que necessário, denunciarei nas mídias disponíveis aqueles que cometerem vandalismo contra a Mãe Natureza.

Feliz Dia das Mães à todos.

©Fernando Lemos – 10/05/2009


O PROJETO:

As fotos e legendas do Projeto "Urbano Humano" abaixo são de autoria de Otacílio Rodrigues, do blog Resende Afora e foram retiradas do Blog do Norrival

Em primeiro plano, a nova ponte Miguel Couto Filho
Av. Mal. Castello Branco e a rua Gulhot Rodrigues, que terá mão invertida
Av. Mal. Castello Branco e os ícones que darão identidade visual ao projeto

Pórtico de entrada da rua Gulhot Rodrigues, com trânsito em direção ao rio

Rua Gulhot Rodrigues cruzando o Calçadão no sentido rio

O novo Calçadão ocupará toda a av. Albino de Almeida

Tendas em meio às árvores para proteger os pedestres do sol e da chuva

Visão geral do novo Calçadão

Do alto da Ponte Velha, a vista do início do Calçadão

Av. Mal. Castello Branco e os novos postes de iluminação

Vista aérea do Calçadão, que se estenderá pela travessa do 'Cosa Nostra'

Um novo deck sobre o rio, de frente à rua Gulhot Rodrigues

Visão lateral do deck a partir da av. Nova Resende, que terá mão invertida

Vista aérea da ponte Miguel Couto Filho, que terá as laterais ampliadas

Anfiteatro que será construído de frente à Igreja Batista

Novas passagens laterais da ponte Miguel Couto Filho, suspensas por cabos de aço

Vista da ponte Miguel Couto Filho, a partir da av. Presidente Kennedy

Nova ponte sobre o rio Sesmaria, na av. Presidente Kennedy

Nova passarela de pedestres sobre a Praça da Concórdia até a Ponte Velha

A nova rodoviária 'velha', que passará a ser um ponto de ônibus

Em primeiro plano, a ponte Tácito Viana Rodrigues e a passarela até a Ponte Velha

Setas indicam os novos sentidos do trânsito nas ruas integrantes do projeto
O novo itinerário das linhas de ônibus


quarta-feira, 6 de maio de 2009

TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - Finalmente ACABOU!!!

Foto: Fernando Lemos

Você já recebeu sua conta de luz deste mês? Acabei de receber a minha e fiquei surpreso, quase não acreditando! Não consta mais a famigerada cobrança da "Contribuição de Iluminação Pública - Prefeitura". Finalmente a Prefeitura de Resende deixou de cobrar essa taxa dos consumidores de energia elétrica. E mais ainda: Acredite se quiser. Houve uma redução de 1,23% na tarifa, conforme consta (em letrinhas miúdas) no corpo da conta. Essa redução é o cumprimento da Resolução nº 782 de 10/03/2009 da ANEEL. Com essa medida, os valores cobrados a partir de 15/03/2009 ficam próximos aos praticados em 2005. Ótimo, né não?
Consta na conta também que o número de telefone da ANEEL mudou para 167 (Ligação gratuita de telefone fixo e tarifados na origem para celulares).

Finalmente, boas novas para nós, consumidores. Redução de despesas e custos são sempre bem-vindas. Parabéns Prefeito Rechuan, que abre mão de uma pequena receita, mas ganha muito do nosso respeito por cumprir mais essa promessa de campanha.

terça-feira, 5 de maio de 2009

RESENDENSE MARIA ELISA ANTONELLI VENCE ETAPA DO MUNDIAL EM SHANGAI (CHINA)


Resendense Maria Elisa Antonelli exibe o Troféu de Melhor Jogadora do Torneio da China.

A dupla brasileira Maria Elisa Antonelli/Talita Antunes, venceu na madrugada deste sábado (02/05/2009), a etapa chinesa do Campeonato Mundial de Volley de Praia. Elas disputaram 6 partidas e venceram todas. As campeãs invictas jogaram 15 sets perdendo apenas 3. A dupla já é considerada a sensação da temporada 2009, pois venceu duas das quatro primeiras etapas do Circuito Banco do Brasil de Volley de Praia (Campeonato Brasileiro), ficando com o vice na terceira etapa. No circuito mundial, na primeira etapa em Brasília, não foram muito bem e ficaram apenas entre as treze melhores classificadas. Mas a dupla não desanimou e partiu com tudo na etapa chinesa, despachando na final as favoritas que jogavam "em casa", chinesas Wang-Zuo (Prata nas Olimpíadas 2008) com facilidade por 2 sets a zero (parciais de 21/17 e 21/13) em partida que durou apenas 37 minutos, além de derrotarem por duas vezes no mesmo torneio as também favoritas e badaladíssimas irmãs Maria Clara e Carol, filhas da lendária Isabel. E para fechar com chave de ouro, nossa Maria Elisa foi escolhida a melhor jogadora do torneio, ganhando troféu e prêmios individuais. Agora é torcer pelas meninas no torneio do Japão, que será realizado em Osaka de 19 a 24 de Maio de 2009. No Slide Show, veja o título da foto apenas apontando na mesma. Para ver ampliada, basta apontar e clicar.

Fonte:http://www.fivb.org/EN/BeachVolleyball/Competitions/WorldTour/2009/beach_page.asp?pg=MDRE&TRN=WSHA2009&sm=12


Um, Dois, ou Três


O presidente do Senado, José Sarney, e o presidente da República, Lula, participam de assinatura de Pacto Republicano, em Brasília. Foto:Antonio Cruz/Agência Brasil


Cláudio Lembo
De São Paulo (SP) - 04 de Maio de 2009


Entre todas as pessoas, há um sentimento predominante. Poucas são as exceções. Nada relevantes. Mesmo estas preservam convicção dominante, apesar das aparências em contrário.

A imensa maioria acredita - tem convicção absoluta: o presidente Lula não será candidato à reeleição. Ou seja, não buscará o terceiro mandato. Ao término do presente, se retirará do Palácio do Planalto.

Pode ser. Nas entrelinhas, porém, o bom leitor encontrará traços de uma permanência de Lula na presidência da República. Claro que na hipótese de uma alteração da Constituição.

Esta mudança na Carta maior é viável. Existe proposta de emenda na Câmara Federal. Seria necessário criar-se um sentimento de oportunidade do terceiro mandato junto à opinião pública.

É processo difícil, mas para bom marqueteiro nada é impossível. É dar a idéia e ir buscar os resultados. Tantos são os casos de sucesso que duvidar não é bom.

O tema - terceiro mandato - surge aqui e ali nas entrelinhas dos jornais. O presidente do Senado, José Sarney, concede entrevista à revista "Isto É". Aponta o resultado do descrédito do Congresso.

O descrédito conduzirá à adoção da democracia direta, aquele em que a cidadania resolve os assuntos de seu interesse sem intermediários, os deputados e senadores.

Ora, por meio de um plebiscito, previsto na democracia direta, a sociedade pode ser consultada sobre a concessão de um terceiro mandato ao presidente Lula. O resultado é de fácil previsão.

O primeiro elemento, portanto, foi considerado pelo presidente do Senado. Não é só, todavia. Argüido a respeito da candidatura da ministra Dilma Roussef, mostrou dúvidas, o próprio Lula mostrou dúvidas.

Dilma é sua candidata, mas terá que ser aprovada pelas convenções de seu partido, o PT, e das demais agremiações integrantes da chamada base aliada. Um traço de dúvida. Convenção partidária é caixa de surpresas.

A todos estes elementos de natureza política acresce-se mais um: a enfermidade que acometeu à ministra Dilma. Todas as pessoas fazem uma corrente de esperança em sua plena recuperação.

Com sua coragem ao informar sobre o mal que a acometeu, Dilma cresceu em sua trajetória pública. Tornou-se conhecida e respeitada pela transparência que deu à doença.

É muito. Mas, os caminhos da vida são tortuosos. Muitas vezes insidiosos. Quase sempre imprevisíveis. Estas variáveis podem desembocar em um desejo de manutenção do aparentemente certo.

Aí se estará na presença de Lula. Acresça-se a tudo isto o desejo dos quadros petistas em se manterem no Poder. Já se imaginou a desocupação de todos os cargos de confiança hoje detidos pelo PT?

Seria o maior êxodo de nossa História. Brasília se tornaria uma cidade fantasma. Vazia. O seu movimento cairia assustadoramente. Aqui mais um ponto para ponderação.

Os petistas estão prontos a correr os riscos inerentes a todas as eleições, onde existem vencedores e vencidos. Não podem se imaginar vencidos, após muitos anos no exercício do Poder. Seria intolerável.

A soma de todos estes elementos pode, em determinado momento, conduzir a uma grande cruzada pela a reeleição de Lula. A ocorrência de terceiro mandato tem se mostrado corriqueira na América Setentrional.

Os partidos hoje de oposição afiguram-se despreocupados. Esperam o pleito com um sorriso. Já erguem a faixa presidencial. Não contam com os riscos do processo político, sempre mutável.

Acreditam os partidos de oposição na permanência das regras ora existentes. Na segurança do Direito, portanto. Esquecem, contudo, que, quando no governo, inseriram na Constituição a possibilidade de reeleição.

Romperam - os partidos de oposição - uma tradição republicana consolidada. Os constituintes de 1891 alertaram para o risco da implantação do instituto da reeleição no cenário nacional.

Lembraram os constituintes republicanos os costumes políticos existentes nas múltiplas regiões do país. As práticas locais levam ao mandonismo e a formação de grupos incrustados nos poderes.

No processo atual, resta ao cidadão acompanhar o desenvolvimento dos fatos e exigir compostura de seus representantes. Eles devem responder pela preservação dos valores republicanos tradicionais.




Cláudio Lembo é advogado e professor universitário. Foi vice-governador do Estado de São Paulo de 2003 a março de 2006, quando assumiu como governador.

Fonte: Terra Magazine (www.terra.com.br)

Carta do Chefe Seattle ao Presidente dos EUA (Sec.XIX)

Foto:E.M. Sammis-1864

Uma lição de ecologia de um povo que, desde tempos imemoriais, respeita os homens e a terra com tudo que nela há, pois sabe que somos todos de uma só origem. Um documento eterno.


Carta de resposta do Chefe Seattle ao Presidente dos EUA por ocasião da proposta de compra das terras indígenas onde viviam os Pele-Vermelha


"O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra. Há uma ligação em tudo".

"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa-idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho-da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.

O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.

Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.

E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.

Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer a terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.

Onde está a floresta? Desapareceu.

Onde está a águia? Desapareceu.

É o final da vida e o início da sobrevivência".

O Baile (ou...fragmentos de uma vida)

Uma história real...

Não me lembro exatamente a data, nem o porque, nem como. Mas me parece o pedaço cortado de um grande filme que foi se deteriorando com o tempo. E ficou só esse fragmento em bom estado. E ficou pra sempre! O resto do rolo perdeu-se...
Sei que foi à noite, no grande salão de festas do então Grupo Escolar "Olavo Bilac" no final dos anos 50. Eu vestia terno preto, meias branca, gravata borboleta e reluzentes sapatos de verniz preto. A ponta de um lençinho branco se destacava no bolso de cima do paletó. Devia estar com uns nove ou dez anos. Ela estava linda (como sempre foi) com um vestido de baile também comprado especialmente para a ocasião. A delicada luvinha rendada que usava, era fina o suficiente a não me impedir de sentir as vibrações de sua mão na minha. Regulávamos na idade. Seus olhinhos caramelados brilhavam como nunca. O salão, todo decorado e muito bem iluminado, transmitia a atmosfera de uma grande festa! As mesas arrumadas com toalhas brancas, arranjos florais, taças e copos cintilantes rodeavam a pista de dança. Enorme pista de dança. Do lado de fora, braços dados e em fila, aguardávamos o sinal para entrar. Éramos o "casal" principal e entraríamos puxando os outros participantes. Também não sei porque éramos "o par da noite". Ao sinal, fomos adentrando no recinto, lotado, que nos recebeu de pé e com aplausos exageradamente longos. Todos vestidos em traje de gala. Aquilo devia ter sido ensaiado, mas... não me lembro disso. Os outros pares, rodearam também o salão e nós dois ficamos sós. Bem no meio da pista. Olhávamos firmes nos olhos um do outro, com leves desvios para o chão. Senti o sapato novo me mordendo os pés, e um frio na barriga quando a orquestra começou a valsa. E bailamos. Por um bom tempo, bailamos sozinhos. Nessa hora, o chão era o foco de nossos olhos. Era o medo de errar o passo, de pisar no pé do outro. De dar "vexame". Então, na segunda valsa e aos poucos, os outros pares foram nos fazendo companhia. Aos poucos, nos misturamos aos outros, formando um só grupo de dança e desaparecendo no meio de todos. Novamente nossos olhos se cruzaram. Ficaram por instantes fixos. Depois, fomos nos explorando facialmente. Não sei o que ela viu, mas eu me recordo como se fosse agora, o que vi. Um sorriso encantadoramente suave. Os cabelos encaracolados, porém cuidadosamente arrumados e com fitas que lhes caiam por sobre os ombros, combinando com o vestido finamente rendado. Sua face ruborizada irradiava uma alegria contagiante e isso me deixou menos nervoso e apreensivo. Naquele breve momento, o mundo sumiu; acabou. Éramos só os dois a valsar, e valsar e valsar.
De repente... Pára a música! Voltamos à realidade. Um mundo de gente nos cercava e aplaudia. Nos separando; fizemos o mesmo. Aplaudimo-nos e aos outros junto com o resto.
Quem "cerimoniava" a festa era o Aloísio "Simplício" Braz. E eis que, para nossa surpresa, ele nos chama ao palco (isso não foi ensaiado, com certeza!). Nos entreolhamos, demos as mãos e sob alguns tímidos aplausos, subimos pela entrada que tinha à esquerda. Passamos pela orquestra e ficamos frente a frente com aquele sujeito todo vestido de branco, com um baita microfone na mão. Ele se dobra todo e pergunta pra ela, de sopetão: "Você é filha de quem?"... "Meu pai é o "seu" Ruy de Almeida Braga..." Aplausos comedidos. "Seu" Ruy se levanta na mesa. Muitos aplausos! Vira-se pra mim, que já suava por onde vocês nem imaginam, e faz a mesma pergunta. Pensativo; olho para o microfone como se fosse uma arma pronta para o disparo e respondo com firmeza: "Sou filho do meu pai, oras!". A platéia vem abaixo em risadas. Ele insiste: "Mas quem é seu pai, minino?!"...Silêncio total... "Meu pai... (aponto pra mesa dele) é aquele lá ó... O "seu" Lemos!". Ele se levanta meio sem graça... Risos e aplausos vem do salão lotado como uma onda de calor por sobre mim. Atônito, perdido, envergonhado, querendo fugir... Sinto uma mão rendada segurar forte a minha e uma voz suave ao ouvido dizer "Muito bem... Você alegrou a festa!!!". E sorrindo, me deu um beijo no rosto. E de mais não me lembro... O filme foi cortado aí. Deteriorou-se no tempo das memórias. Foi descartado. Não sei porque, mas foi!
Apesar de termos continuado morando na mesma cidade, não tenho mais nenhuma lembrança dela além dessa. E também não sabia o destino que havia tomado. Não é estranho isso?
Soube em junho passado, quando meu noticiarista espontâneo, o Júlio Miravetti, no meio da Ponte Velha, me disse que uma moça havia falecido ao cair de um dos andares mais altos do prédio da APM. Ao pronunciar o nome Sonia Elizabeth, minha memória foi imediatamente ao arquivo do fragmento do "Baile" e senti o chão sumir. Confirmei com ele a paternidade dela! Era ela mesmo. A filha do "Seu" Ruy Braga...
Voltei estupefato pro trabalho, e iniciei mentalmente essa crônica. Só a terminei hoje. Precisei desse tempo todo, para entender o porque de tudo isso. Durante toda a minha vida, poucas vezes me lembrei dela e disso. Mas lembrava... Em momento algum fiz trabalho de pesquisa ou investiguei o que de fato aconteceu naquele dia de junho, pois a mídia, quer escrita, falada ou televisiva, não noticiou o acontecido. E eu nem queria saber. Só entender, porque esse pedaço de filme ficou gravado, indelével no meu HD. Hoje sei...
Você, menina dos cabelos de mel, foi meu primeiro amor! E um dia, voltaremos a bailar, seja em que dimensão for...


Fernando Lemos " Jan/2007

segunda-feira, 4 de maio de 2009

De noite, na Praça...

O casarão onde funcionava o jornal "A Lira" e a "Casa Modelo".  Triste fim para o Patrimônio Histórico da cidade.        Foto: Fernando Lemos

Essa me foi contada... Mas antes, um pouco de memória.

Final dos anos 60. A praça Oliveira Botelho era o ponto central dos boêmios, "políticos-filósofico-teóricos", revoltados, comentaristas mundanos da vida alheia, e principalmente; "técnicos de futebol". Quase todos movidos a muito álcool. Tínhamos ali uma gama variada e razoável de bares, lanchonetes e restaurantes funcionando a pleno vapor: Em frente ao Cine Odeon (hoje Igreja Evangélica), o sofisticado Bar Atlântico ("Dª Dodô & Murilo"), com serviço "a La Carte", garçons a caráter e tudo o mais. Era o "point" da época. Adiante, a Lanchonete Mundial (Hermínio e Joaquim, dois portuguesinhos simpáticos e tolerantes). Na mesma calçada, o Bar do Ponto ("Bananinhas") com um bom bar/restaurante em cima e sinuca no subsolo (onde o jogo de cartas e dados - "trolinho" - corria solto depois da meia-noite). Do outro lado, à esquerda, a Lanchonete Princesa do Vale (Vítor, outro português de boa safra, hoje na padaria do Lavapés, quase em frente à Santa Casa) onde se comia um bife a cavalo inigualável e uma omelete fantástica! Ao lado, pegadinho, o Bar Galo Verde (ponto dos cadetes) e a Pastelaria do Minoru Komori (a preferida do Roberto "To Puto" Vasconcellos), que servia uns pasteizinhos pequenos; deliciosos de se comer tomando o "Guaraná Favorito", de fabricação local e infelizmente não mais existente; ambos. Mais adiante, ao lado do Cine Vitória, o Bar Meu Cantinho (Ailton) e alguns passos à frente, o Bar e Restaurante Primor ("Seu Tiãozinho", que adora uma briga de galos " era criador mesmo!). Isso sem contar os barzinhos da Rodoviária, que forneciam fregueses já "embalados" para esses bares todos. Então, só na praça, cheia de vida, filosofia, política, futebol e de palavras ao vento, eram sete bares/restaurantes pra satisfazer a sede dos cervejeiros, pensadores e pingaiadas da madrugada. Sem contar a "Bombonière Vitória" do "Seu" Hely Balieiro, que não vendia alcoólicos, mas era importante na época do calor pra refrescar a turma do sorvete Kibom. A coisa ficava "quente" sempre depois da meia noite, quando o miolo da praça ficava meio vazio e o pessoal se concentrava nos copos... Mas vamos ao "causo" que assim me foi contado:

"Ele veio chegando das bandas da Dodô, já meio torto, com aquele olhar de quem enxerga mas não vê, com a boca meio mole e falando coisas que não se compreendia bem. Parou em frente à Princesa do Vale e fez sinal de positivo pra turma que bebia por ali. Alguém então lançou o desafio: Duas voltas em torno da Praça, passando por trás da Igreja, naquela bicicleta velha que tava estacionada em frente... Mas tinha que ser "pelado ". Nu em pelo! Nem meia podia! Prêmio: duas cervejas. Uma pra cada volta. Topou. Entrou na lanchonete, foi até o fundo, perto do banheiro e tirou a roupa. Todinha. Apoiando-se na parede e sob o olhar espantado de alguns e sorridente de outros, perguntou: "É naquele "calhau" ali que tenho que andar?" Diante da resposta positiva, chegou na porta do estabelecimento, olhou pros lados (se é que tava vendo alguma coisa) e juntou firme na velha bicicleta preta. Sentado, ajeitou as "coisas" no selim e deu a primeira pedalada. A "preta" rangeu, fez que ia pra esquerda, voltou pra direita, resvalou no meio fio e partiu. Devagar, a princípio. Ele se levantou do selim e pedalou mais forte. Embalou. Quando sentou de novo, ouvimos um urro de dor... Deve ter sentado em cima "das coisas"... Nessa altura, o barulho que a turba fazia no local da partida levou os freqüentadores dos outros bares a sair pra ver o que acontecia. Quando ele passou em frente ao "Meu Cantinho" e pelo "Primor", foi uma gritaria só! Quase erra o caminho e desce pro Lavapés, mas conseguiu virar por trás da Igreja que impedia a visão do Colégio João Maia. Ele sumiu das nossas vistas. De repente...Um barulho de ferros se arrastando pelo chão... Apreensão geral... E eis que surge o desafiado empurrando a "magrela". Montou de novo e continuou. Quase que desce pra Rodoviária, mas com muito jeito (apesar de subir na calçada) conseguiu botar prumo no rumo. Em frente ao Bar do Ponto, até a turma do jogo já tinha subido pra ver o que se passava e o saudaram com palmas e vaias... "Êta bunda feia, sô!" Gritou alguém... Ele não deu importância (se é que ouviu) e tocou em frente. Na Princesa do Vale, alguém improvisou uma "bandeirada da chegada" com a camisa dele mesmo. A algazarra era enorme! Mas ele fez com a mão o sinal de "um" no dedo, e prosseguiu naquela coisa que chamavam de bicicleta. Nessa altura, tava tudo mundo nas portas dos bares, fazendo uma folia só... Delírio geral! Novamente ele fez a volta na igreja e novamente, na zona morta de visão ouviu-se barulho de ferro com cimento arrastando pelo chão. Apareceu com a cara meio avermelhada, e quando chegou ao que seria o final do desafio levantou a mão e mostrou com os dedos o número três! O desafiante não se manifestou, mas ele seguiu em frente mesmo assim. Deu a terceira volta, com barulho de ferro e cimento de novo atrás da igreja, e ao se aproximar da "linha de chegada", recebeu a "camisada" final. Tentou parar mas o que se ouviu foi a ranger de ferro com ferro... E pra parar, subiu na calçada da praça. A maioria dos que assistiam, excitados ao inusitado fato; fizeram uma barulheira danada e ele foi carregado pra lanchonete. Escorria-lhe um filete de sangue pela testa, tinha ralado o nariz, os dedos e parte do braço, além de um pequeno corte no joelho. Não pronunciou uma única palavra. Calmo e cambaleante entrou na lanchonete, foi ao banheiro se lavou na torneira e vestiu as roupas. A lanchonete tava cheia, lotada! O pessoal dos outros bares veio ver e cumprimentar o sujeito. Outros já criticavam, apesar de bêbados também. Quando ele surgiu na porta do banheiro, foi festejado e aclamado como herói. Quebrou o mutismo: "Desce uma super gelada, Vítor! E bota na conta dele" disse apontando pro desafiante, que logo chiou: "Foi combinado duas... A terceira foi por sua conta!". Sem discutir, pensou um pouquinho, limpou a ponta do nariz que escorria um suor avermelhado e perguntou: "Só queria saber quem foi o corno que colocou o muro do João Maia no meio da rua... sacanagem, pô!"
A terceira cerveja (e todas as "outras" que ele conseguiu beber) ficou por conta do Vítor. Afinal... Ele conseguiu trazer todo mundo pra sua lanchonete. Inclusive os donos dos outros bares, que fecharam as portas e terminaram a noitada na Princesa do Vale."

Quem me contou, merece crédito. Pediu pra não citar nomes por que o "atleta" ainda está entre nós.

Fernando Lemos - 09/2005
Publicado no "Ponte Velha"

Jorge "Jesus" (ou apenas... Jorge)

Rua Eduardo Cotrim nos anos 50 (Bairro Lavapés) - Aqui viveu Jorge "Jesus" - Foto: Arquivo Pessoal Fernando Lemos

Hoje vou falar de um tipo bem conhecido dos resendenses não tão antigos, pois até há (relativamente) pouco tempo ele ainda estava entre nós. Eu, e muitas outras pessoas o chamávamos simplesmente de Jorge "Jesus". Não diretamente a ele. Era um apelido meio secreto. Quando nos dirigíamos a ele dizíamos apenas... Jorge. Para os que não o conheceram, e como não tenho foto dele, vou tentar fazer uma breve descrição do tipo. Não era muito alto. Devia ter perto de 1,70m. Longos cabelos pretos cacheados, assim como sua nunca aparada barba. Ambos pareciam ensebados. Rosto branco, magro, macilento, os grandes olhos pretos tinham um brilho incomum, que lhe emprestavam um olhar rasputiniano. Boca bem torneada com dentes maltratados. Quase sempre sem camisa; cobria o forte tronco com um saco de estopa velho, que era recoberto por um pedaço de plástico transparente nos dias de chuva. As calças rotas e sujas amarradas na cintura com uma cordinha de sisal e com as pernas dobradas bem enroladinhas até perto do joelho, deixavam à mostra canelas brancas não muito finas, assim como polpudas batatas da perna. Pés grandes; andava invariavelmente descalço, o que lhe propiciava um solado natural grosso e aparentemente indestrutível. Não fumava, não bebia e nunca o vi de chapéu ou boné. Tinha a aparência de um legítimo mendigo. Ou louco. Mas não era nem uma coisa nem outra. Colocassem-lhe uma coroa de espinhos na cabeça e dessem-lhe uma cruz para levar às costas... Daí o apelido. Eu sempre me perguntava: "Porque não o chamam para interpretar o Auto da Sexta-Feira Santa? Ficaria bem mais original que aquela imagem que crucificam em frente à Igreja". De vez em quando passava pela gente resmungando alguma coisa ou mesmo falando com seus botões. Nunca vi ou soube que tivesse praticado qualquer maldade ou um ato tresloucado contra alguém. E nem rasgado dinheiro. Gostava de "matar" ou "internar" os moradores mais conhecidos do bairro. Pura brincadeira. De mau gosto, é certo, mas que rendia muito riso entre as "comadres e compadres", geralmente suas vítimas preferidas. E a forma que ele usava para divulgar a "notícia" era infalível. Via o comércio que tinha mais gente e em voz alta falava ao comerciante, seu conhecido: "Ouvi dizer que o fulano morreu" ou "está internado muito mal na Santa Casa" e saía batido, sem dar maiores detalhes. A novidade se espalhava rapidinho e era um tal de uma comadre ou compadre bater na casa do "falecido" e ser recebido pelo próprio. Ou ir visitar o "internado" e descobrir que o mesmo estava gozando de plena saúde. E depois do susto, a farra no bairro era inevitável. Coisa de cidade pequena, pacata, gostosa de se viver. Coisa dos bons tempos... Quem de fora da cidade o visse, certamente se afastaria dele por causa dessa sua forma singular de se trajar. Além do aspecto de sujeira. Porém, não cheirava mal. Possuía umas casinhas no Lavapés, que alugava. Numa delas, morava nos fundos. Dizem que dormia em cima de uma goiabeira e quando chovia, usava uma lona plástica pra se cobrir. Não sei se é lenda essa parte da goiabeira. Homem de poucas palavras podia, no entanto ser visto sentado na praça da Matriz conversando com um seleto grupo de amigos. Todos bem vestidos. O assunto, quase sempre era política. E consta que sabia muito bem o que estava falando. Quando chegava alguém estranho ao grupo, ele ouvia um pouquinho da prosa do novato e se não gostasse, simplesmente saia. Ia embora sem nada falar. Apenas resmungava alguma coisa ininteligível. Provavelmente xingando o intrometido. Também era facilmente encontrado nas missas da Matriz. Ficava sempre em pé, nos fundos da igreja. Freqüentava com assiduidade os enterros. Às vezes carregava a coroa de flores. Sempre caladão. O detalhe mais interessante é que, apesar da aparência, era de inteira confiança. Os comerciantes do Lavapés que o conheciam bem, lhe confiavam o pagamento de contas, títulos, depósitos e recebimento de cheques, por isso era sempre visto também nas filas de banco. Alguns se assustavam com a presença de um "mendigo" no caixa pagando e recebendo. E os seguranças já o conheciam e não impediam sua entrada. Muito pelo contrário. Encontrei-o por diversas vezes no Itaú e Banco do Brasil. As pessoas (geralmente senhoras de idade, as famosas "comadres") também lhe pediam para comprar coisas nos super mercados e lojas mais distantes. As mães se aproveitavam de sua aparência estranha, de "Bicho Papão" e quando queriam assustar os filhos pequenos, ameaçavam: "Se você não sossegar vou chamar o barbudo pra te pegar!!!" Coitado do Jorge. Tão pacífico e inofensivo, sendo usado pra corrigir criança mal educada. Realmente uma figura incomum, que fazia parte do folclore da cidade. Detestava a palavra banho. Dizem que o pessoal mais chegado a ele ali no Lavapés, às vezes cismava e o pegavam a força para uma "aguada" no Paraíba, nos fundos da Escola da Da. Antonina. Aí sim, nessa hora ele deixava de ser "Jesus" e virava Besta, se tornava agressivo. Violento mesmo. Mas o pessoal, com jeitinho acabavam dominando-o e, debaixo de gritos, palavrões, urros e gemidos, lhe davam uma boa esfrega no rio. No fundo, bem no fundo, acho que ele gostava, pois percebia que tinha muita gente que se importava com ele. E nesse dia, vestia uma camisa limpinha. O saco de estopa ficava esquecido, dependurado na goiabeira. Se foi como viveu. Sem deixar rastro. Apenas... Saudade. E fica a pergunta: Porque para nós ele não era visto como mendigo ou louco, mas lembrava a imagem do Menino Deus? Quase sempre, as aparências enganam... Acho que virou Jorge Jesus de vez.

Fernando Lemos " 19/01/2009
Foto: (Arquivo pessoal) Rua Eduardo Cotrim nos anos 50 (Bairro Lavapés-Resende-RJ)
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