***RUI BARBOSA***

***RUI BARBOSA***
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

PARQUE ESTADUAL DA PEDRA SELADA: QUASE 500 SE REÚNEM EM PROTESTO!!




A última foto da apresentação levantou a platéia - muitas palmas e vibração!!!


Segundo os organizadores do evento, cerca de 500 moradores, proprietários e produtores rurais da região da Vargem Grande, Capelinha, Visconde de Mauá, Vila da Fumaça, Jacuba, Bagagem, Rio Preto, Campo Alegre, Serrinha e adjacências se reuniram dia 11/08/2012, no Salão Comunitário de Vargem Grande, distrito de Resende (RJ),  para protestar contra a criação - pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro - do Parque Estadual da Pedra Selada (PEPS). É o 14º parque criado no estado. Fora um Parque Marítimo em Angra dos Reis. Todos em quase total abandono. Mas todos com sedes, escritórios, diretores, secretários(as), veículos, funcionários... Pagos por nós.



Antes mesmo do início da reunião, o Salão Comunitário já se mostrava pequeno para o público presente.

 A mesa de trabalhos foi composta pelos seguintes membros: Ricardo Ferreira, presidente da Associação de Moradores de Mauá e representante de todas as Associações de Moradores da Região e apresentador do áudio visual exibido; Rui Saldanha - Secretário de Planejamento da Prefeitura de Itatiaia; Alfredo José de Oliveira - Secretário de Planejamento da Prefeitura de Resende; Antônio Carlos Abrão Teixeira - Presidente do Sindicato Rural de Resende; Rodolfo Tavares - Presidente da Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro; e Miguel Dias - Secretário de Agricultura e Pecuária da Prefeitura de Resende. Todos os membros da mesa discursaram contra a criação do PEPS, sendo os mais veementes em suas falas Ricardo Ferreira (atacou muito a ação dos "ambientalistas"), Rui Saldanha (criticou duramente o Secretário do Meio Ambiente, Carlos Minc, acusando-o de estar usando táticas nazi-fascistas em sua forma política de administrar)  e Rodolfo Tavares (não poupou o Governo do Estado do Rio na empreitada, chegando a se exaltar muito em vários momentos).
A seguir, várias perguntas foram feitas pelos assistentes e respondidas por membros da mesa e comentadas pelo público presente.


No salão já lotado, os participantes aguardavam o início dos trabalhos.

A reunião já se desenrolava e muitos assistiam e ouviam do lado de fora.

Cinegrafista da Tv Rio Sul, que cobriu o evento, registra as assinaturas. 

Reprodução do áudio visual apresentada ao grande público presente.
Vale a pena assistir com atenção:


Minha opinião sobre tudo que assisti e ouvi:

Não aprovo a forma como foi tratada a questão dos ambientalistas. Não podemos (e não devemos) generalizar. Todos que lá estavam, que abraçaram essa causa, são preservacionistas da Natureza. Ou não? Não sou proprietário de terras, nem morador, nem produtor rural. Sou um amante da Natureza. Defendo-a, às vezes, acima de minhas forças. Sou um ambientalista. Somos todos, ambientalistas.  O direito à posse e exploração da terra é inalienável e inquestionável. Sabemos que podemos explorar a terra sem degradar o meio ambiente. É isso que os moradores, proprietários e produtores da região fazem tão bem... É por isso que são tão ambientalistas quanto outros que querem apenas... O mesmo que nós!!! Preservar o meio ambiente. Por nós e para as gerações que virão. No mais, parabéns à todos pela defesa da causa ambientalista.


 Abaixo, um pungente texto do amigo Somavilla, que reputo de grande valia para a causa, não só pela sensibilidade do autor, como pelas verdades que transmite. Uma verdadeira declaração de amor por nossa terra:

UM PARQUE CHAMADO INCONSEQUÊNCIA

 José Alberto Somavilla - 16/08/2012

Olhando das serranias até onde alcançam visões utópicas, parece que nem tudo está perdido porque as gentes da montanha souberam preservar seus legados. Mas a verdade é que não é dado ao mortal comum divisar algo que se resumira lá adiante em infortúnios para os pequenos proprietários que descendem - talvez a maioria - dos antigos colonos que praticavam ancestral posse voltada para a sobrevivência das famílias. Aqueles que souberam respeitar costumes e a paisagem, evitando ações predatórias ao meio ambiente. Aqueles que sempre respeitaram a natureza e que hoje perdem o sono ante a possibilidade de ser implantada nova área dominial do estado, o Parque Estadual da Pedra Selada, silenciada momentaneamente pelo ano eleitoral.
Se a razão estivesse calcada somente na preservação ambiental, tudo bem, mas já pontifica na região o Parque Nacional Do Itatiaia. Além do mais, preocupa a desconfiança de se acenderem velas para deus e para o diabo. À margem ficam os que vão sofrer nas carnes as consequências, atores menores relegados a audiências públicas que, quando ocorrem são incapazes de se contrapor aos detentores da multifacetada verdade ambiental.
No vale, somos terráqueos anestesiados a fimbria da mais fascinante montanha do planeta, mas a pergunta não cala: Querem ensaiar aqui um novo ABC? Parece que a estratégia é nítida: Montadoras, siderúrgica, empresas satélites... Ora, façam o que lhes aprouver com esta geografia predestinada ao deslumbramento, conduzida agora para um tipo de desenvolvimento que privilegia falácias políticas e modelos que se exaurem. Completem o serviço, mas deixem o passado em paz. Permitam que algum sonho sobreviva...
Será que pensam compensar equívocos e malefícios dos carros a serem produzidos aos milhares criando um novo parque? Se assim for, mostra-se nítida a inconsequência. Ora, condenem o vale aos infortúnios do progresso a qualquer preço, mas não mexam com os bíblicos sitiantes que se agarram às encostas dos morros azuis com mãos calejadas pelas adversidades, semblantes sofridos pela incompreensão e dentes rangentes de muda indignação. Essa gente que preserva seu chão e seus horizontes pelo instinto do amor a terra, esses que respiram ventos bravios nas cumeadas e sorvem as águas com veneração ritualística, os poucos que têm a alma sem culpas.




10 comentários:

  1. Bom dia!!!
    Perfeito o texto de José Alberto Somavilla...
    Mostra toda preocupação que deveria fazer parte da consciência de todo cidadão resendense e do entorno!!!!
    Tomara que o objetivo seja alcançado....

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  2. Oi , Fernando!

    Parabéns pela excelente matéria!

    A reunião que fizemos em Vargem Grande com produtores rurais e moradores das regiões atingidas e que sofrerão consequências com a implantação do parque é apenas o início de um movimento que pretendemos aumentar até que sejamos ouvidos.

    Quanto ao seu comentário de que somos todos ambientalistas ,concordo com você.O grande problema que vejo é sobre o "ambientalista profissional." o "ecotalibã", aquele que não mede as consequências de seus atos e não têm consciência de que o produtor rural é o seu grande parceiro na preservação ambiental. Infelizmente, os órgãos ambientais (Estado) só se fazem presentes na zona rural para punir , massacrar e desapropriar produtores rurais, enquanto na verdade deveriam orientá-los.
    Valéria Lamim




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  3. A criação deste parque me cheira a cabide de emprego.
    Tem muitas pessoas que se dizem ambientalistas,mas o que estão querendo mesmo e um encosto nos muitos empregos que vão surgir com a criação deste porque.
    Enquanto isso aqueles que sempre moraram e cuidaram da terra são tratados como se não existissem.Isso é a cara dos políticos do Brasil.

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    1. Não é só cheiro não, amigo anônimo. É realidade mesmo. CABIDE DE EMPREGOS!!!
      Obrigado pelo comentário.

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  4. José Alberto Somavillasegunda-feira, 27 agosto, 2012

    Caro Fernando:
    Pouco antes de viajar para o exterior elaborei o texto "Um Parque Chamado Inconsequência" e enviei para uns poucos, como você, que sei apaixonados por esta terra.Palavra:O que fiz foi por puro e desinteressado sentimento de apreço e solidariedade por todos aqueles que vivem com espadas sobre as cabeças, ameaçados de perderem seu chão, sua paisagem, sua tradiçao, enfim, sua verdadeira pátria.Ser ser proprietário e muito menos político, nada sabia sobre estas necessárias, mas lamentavelmente insuficientes movimentações cidadãs como a que o amigo apresenta no blog.Acho que valeu minha premonitória e inexpressiva contribuição em vista do silêncio que se fazia nos últimos meses sobre o assunto.Se a fiz de modo um tanto atenuada, tal fato se deve a idade que já se distancia muito dos tempos em que era capaz de dar um pé no rabo desses inconsequentes que se nutrem de um sistema adverso para os pequenos, diria mesmo perverso para os valores trancendentais do humanismo em absoluto declinio.

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    1. Obrigado pelo seu (sempre) pertinente comentário, amigo Somavilla.

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  5. José Alberto Somavillaterça-feira, 28 agosto, 2012

    Caro Fernando
    Resta explicação quanto ao uso das palavras "premonitória" e "insuficiente".No primeiro caso, fico pensando:Sempre fui solidário com as preocupações desses pequenos proprietários que ornamentam nossas serras,mas nada sabia sobre a reunião comunitária que há de repercutir por muito tempo nas consciências...Quanto à aludida "insuficência", retiro o sentido vazio da expressão uma vez que quinhentos não são cinco nem cinquenta.Só que o tema tem de cair no coração das cidades que se extendem no vale.SÓ NÃO CONSIGO ENTENDER PORQUE ESTE CRUCIAL ASSUNTO NÃO ENTRA NO DEBATE ELEITORAL EM CURSO. Trata-se de omissão inconcebível, diria mesmo imperdoavel.É a velha história:"Primeiro eles pisam nas flores do nosso jardim, mas não é comigo..."

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    1. Prosseguindo seu comentário, Somavilla:


      No caminho com Maiakóvski

      "[...]
      Na primeira noite eles se aproximam
      e roubam uma flor
      do nosso jardim.
      E não dizemos nada.
      Na segunda noite, já não se escondem;
      pisam as flores,
      matam nosso cão,
      e não dizemos nada.
      Até que um dia,
      o mais frágil deles
      entra sozinho em nossa casa,
      rouba-nos a luz, e,
      conhecendo nosso medo,
      arranca-nos a voz da garganta.
      E já não podemos dizer nada.
      [...]"

      É isso aí...

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  6. No dia 22 de setembro de 2012, em Vargem Grande às 11h ,acontecerá o 3º encontro de produtores e moradores rurais das áreas de Itaiaia, Penedo, Vila da Fumaça, Vargem Grande , Bagagem, Visconde de Mauá, Capelinha, Serrinha, Campo Alegre,Rio Preto, Pedra Preta e Jacuba contra a criação do Parque Estadual da Pedra Selada.No 2º encontro, mais de 1000 pessoas estiveram presentes.
    Contamos com a presença de vocês.
    Associações de moradores das regiões atingidas pelo parque.

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  7. Prezados, Fernando e Somavilla
    Maravilhoso o texto : Um parque chamado inconseqüência!



    Não há interesse, não só por parte dos políticos, como pela maioria das pessoas alienadas que vive nas cidade , pois é muito cômodo consumir muito ,produzir lixo e achar que resolve a situação criando florestas e expulsando para as cidades pessoas que produzem alimentos na zona rural. Mas, um dia ,com certeza, teremos que pagar mais caro por alimentos da China e de outros países que destruíram todas as suas florestas e que nem metas ambientais possuem . Assim, seremos coniventes com o desmatamento da mesma forma. Infelizmente, não só aqui ,mas em qualquer lugar os interesses econômicos falam mais alto.
    O pequeno e grandioso movimento que aconteceu em Vargem Grande é uma gota em um oceano de sonhos, mas pode ser o início de alguma transformação para um país “cego” e acomodado para as questões rurais. Poderemos ter sucesso ou não , a luta é penosa ,mas nossa luta é digna.

    Muito bem lembrado o poema de Maiakovski, eu acrescentaria também o poema de Bertold Brecht .
    Valéria Lamin


    Primeiro levaram os negros
    Mas não me importei com isso
    Eu não era negro
    Em seguida levaram alguns operários
    Mas não me importei com isso
    Eu também não era operário
    Depois prenderam os miseráveis
    Mas não me importei com isso
    Porque eu não sou miserável
    Depois agarraram uns desempregados
    Mas como tenho o meu emprego
    Também não me importei
    Agora estão a levar-me
    Mas já é tarde.
    Como eu não me importei com ninguém
    Ninguém se importa comigo.

    Bertold Brecht (1898-1956)

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