Foto: Blog Orlando Tambosi |
Por Milton Simon Pires | 22
Novembro 2013
Às vezes a
história tem um senso de humor doentio, não tem? Imaginem um ex-guerrilheiro e
terrorista, filiado a um partido que tentou comprar todo Congresso Nacional e
que faz negócios com o narcotráfico. Imaginaram? Pois bem, agora lembrem-se do
empenho desse mesmo partido em levar a medicina brasileira ao fundo do poço
apresentando os profissionais à população como um bando de “burgueses com raiva
de gente pobre” e vejam a ironia do destino: agora, é de um médico que José
Genoíno precisa! É de algum colega meu que pode partir a orientação final de mantê-lo ou não em sua própria casa em vez de dentro de um presídio!
Mobiliza-se agora a própria presidente Dilma falando em “aspectos humanitários” da condição de seu companheiro, não é?
Quando ela se manifestou sobre as barbaridades que vem acontecendo dentro dos hospitais públicos do Brasil?
Algum de vocês viu alguma notícia em que ela se mostrava preocupada com erros primários que os cubanos estão cometendo com os pacientes brasileiros? Eu não vi, e duvido que veja, alguma coisa nesse sentido.
Nada pode ser mais nojento do que aconselhar uma coisa e fazer outra, não é? Revolta-se a petralhada com a idéia que teve Joaquim Barbosa de fazer Genoíno ser atendido por um médico do SUS. Por que, hein, companheiros? Do que vocês tem medo? Da temperatura ambiente dentro dos consultórios da rede pública? Da condição de higiene dentro dos hospitais ou quem sabe da superlotação nos serviços de emergências? Imaginaram vocês esse “quadro histórico do partido”, que passou por uma das cirurgias mais complexas que se conhece,esperando horas numa fila para ser atendido?
Pois bem, petralhada, é isso que todos os médicos brasileiros da rede pública assistem e sofrem todos os dias! É nisso que os soldados de Fidel Castro (disfarçados de médicos) foram metidos quando ingressaram na farsa montada por Padilha e Rogério Carvalho!
Qual o problema agora?
Por que não pode o companheiro de vocês ser atendido no SUS?
Nada é mais urgente para o povo brasileiro do que reconhecer a covardia de vocês. A capacidade incrível de mentir eternamente pregando aos outros aquilo que abominam para si mesmos e de mudar constantemente de valores conforme o que for conveniente para que seu partido, seu “Novo Príncipe”, como dizia Gramsci, a tudo sobreviva intocado.
Não desejo a morte de ninguém nem prego nesse texto o discurso de vingança. Existe porém uma diferença gigantesca entre vingar-se e mostrar a verdade que surge com a mudança de determinadas circunstâncias históricas. É falta de caridade tripudiar sobre uma pessoa presa que passou por uma cirurgia de aneurisma de aorta? É sim, mas é covardia e falta maior ainda deixar que isso passe batido perante milhões de brasileiros doentes que vão morrer na fila do SUS esperando anos por uma cirurgia que esse bandido executou em questão de horas no melhor hospital brasileiro!
Gostaria de saber quantos leitores tem idéia do que é necessário esperar por uma cirurgia cardíaca pelo SUS e fico imaginando quantos deles tem idéia das condições em que operam os cirurgiões brasileiros nos hospitais públicos. Tudo isso fica no silêncio, não fica? Nada disso aparece na imprensa com a elegância de termos como “dieta hipossódica” e “reavaliação cardiológica frequente” que os redatores, editores ou seja lá quem for da mídia amiga escreve sobre o ilustre prisioneiro petista. Não, a morte de gente de pobre e desconhecida não vende jornal, não é mesmo?
Continuem escrevendo sobre as condições de saúde de Genoíno na prisão. Vocês estão indo bem, companheiros. Imaginem só: as pessoas já sabem “inclusive” que quem opera o coração precisa comer menos sal e controlar a pressão! Parabéns! É grande a “responsabilidade social” de vocês, hein?
Enquanto vocês escrevem Jango é exumado e ninguém fala mais em Celso Daniel...
Enquanto vocês lembram os “mortos pela Ditadura de 1964” as pessoas agonizam por falta de hospitais em 2013...
Tudo pronto para “redescobrir” o passado, não é? Tudo preparado para uma homenagem aos “heróis” que, segundo vocês, morrendo metralhados ou de overdose (como os de Cazuza) estavam “lutando contra o sistema”...
Pois bem, termino
da seguinte maneira: pouco importa se Jango foi envenenado pelos militares ou se
Genoíno vai piorar com o sal da comida na cadeia. Vivos ou mortos, não foram nem
jamais vão ser heróis do povo brasileiro; pertencem ao lixo da história e suas
glórias devem ser cantadas para sempre em português de favela com língua presa
por litros e mais litros de Coca-Cola com cachaça.
Esqueçam os médicos brasileiros. Estão doentes? Chamem um médico cubano!
Milton Simon Pires é cardiologista.
Esqueçam os médicos brasileiros. Estão doentes? Chamem um médico cubano!
Milton Simon Pires é cardiologista.
Recebido por e-mail: NRD
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