Foto: Secretaria de Imprensa - Presidência da República |
Carlos Newton
O ministro Orlando Silva (Esporte) pode ser demitido ainda esta semana. Antes, será chamado ao Palácio do Planalto para se defender das denúncias de fraude envolvendo o programa Segundo Tempo, de seu ministério. O chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, irá recebê-lo. E embora se diga que a presidente Dilma estaria propensa a mantê-lo no cargo, vai ser difícil engolir suas justificativas.
As denúncias foram feitas pelo jornal “Estado de S. Paulo”, mostrando que o projeto do Ministério do Esporte só em 2010 distribuiu R$ 30 milhões a ONGs de dirigentes e aliados do partido. A reportagem do Estadão percorreu núcleos esportivos em Brasília, Goiás, Piauí, São Paulo e Santa Catarina e flagrou convênios com entidades de fachada, situações precárias e de abandono, uma grande farra do boi com recursos públicos.
As verbas do programa Segundo Tempo deveriam ser usadas para criar 590 núcleos de prática esportiva e beneficiar 60 mil crianças carentes. Mas é tudo só no papel. E as denúncias de favorecimento ao PCdoB são gravíssimas. No Piauí, por exemplo, a logomarca do programa Segundo Tempo, aparece estampada em muros de núcleos improvisados com tijolos e bambus. Alguns desses núcleos estão abandonados, cheios de detritos, mas têm algo em comum: apesar da precariedade, são controlados pela Federação das Associações dos Moradores do Piauí (Famepi), subordinada ao PCdoB.
A entidade tem um contrato de R$ 4,2 milhões com o governo federal, sem licitação, para montar 126 núcleos e beneficiar 12 mil crianças. Seu presidente é Raimundo Mendes da Rocha, dirigente do PCdoB no Piauí. Pelo menos nove integrantes da direção da federação fazem parte do comando regional do partido.
Em Teresina (PI), no lugar de uma quadra poliesportiva, os jovens usam um matagal, onde improvisam tijolos e bambus para jogar futebol e vôlei. Do lado de fora, no muro do terreno, a logomarca do Segundo Tempo anuncia que ali existiria um núcleo do programa. O local é um dos espaços cadastrados pela entidade que já recebeu R$ 4,2 milhões para cuidar do projeto. Todos os seus dirigentes, é bom lembrar, são do PCdoB.
Em Goiás, na procura por um núcleo cadastrado na cidade do Novo Gama, por exemplo, a reportagem encontrou um terreno baldio onde deveria funcionar um campo de futebol. Cerca de 2,2 mil crianças foram iludidas na cidade por uma entidade-fantasma sem fins lucrativos.
No Novo Gama, embora o programa Segundo Tempo seja só promessa, na última campanha eleitoral, foi usado como realidade pelo vice-presidente do PCdoB do DF, Apolinário Rebelo. O mesmo ocorreu na Ceilândia (DF).
Em Santa Catarina, lideranças de comunidades carentes criticaram a intermediação do Instituto Contato (dirigido pelo PCdoB) no programa Segundo Tempo e anunciaram que abriram mão do projeto. Aulas de tênis são dadas na calçada, com raquetes de plástico.
O pior é que o Ministério do Esporte publicou agora em janeiro um convênio de R$ 16 milhões do Programa Segundo Tempo com o Instituto Contato, que não havia cumprido o prazo de convênio anterior com o próprio ministério para cuidar do mesmo projeto. Presidido por Rui de Oliveira, filiado ao PCdoB, o Instituto Contato teve seu contrato rescindido em dezembro, segundo decisão do ministério publicada no Diário Oficial da União, “tendo em vista o não cumprimento do objeto pactuado, quanto à realização das atividades constantes no Plano de Trabalho, e o não cumprimento das metas físicas e financeiras previstas no Plano de Aplicação”. Mesmo assim, acaba de ganhar mais R$ 16 milhões.
Mas a campeã de recursos do governo é a ONG Bola Pra Frente, dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Rodrigues, vereadora de Jaguariúna (SP) pelo PCdoB. Desde 2004, R$ 28 milhões já foram repassados à entidade.
Diante dessa realidade, como o ministro Orlando Silva conseguirá se explicar no Planalto? Se for mantido, isso significará que podemos dar adeus às ilusões e considerar o governo como uma simples formação de quadrilha (qualquer grupo criminoso integrado por mais de três meliantes, segundo o Código Penal).
Mas vamos torcer para a presidente Dilma mostrar a que veio e soltar a Polícia Federal em cima desses estelionatários travestidos de comunistas. Pobre Marx. Se o genial pensador alemão soubesse o que fariam em seu nome, certamente teria se dedicado ao paisagismo.
Para terminar: outro ministro que está mal na foto é Carlos Lupi, do Trabalho e Emprego. Suas peripécias ao liberar verbas para “capacitação de motoboys” podem lhe custar caro. Mas isso é outro assunto, que merece uma atenção especial.
O ministro Orlando Silva (Esporte) pode ser demitido ainda esta semana. Antes, será chamado ao Palácio do Planalto para se defender das denúncias de fraude envolvendo o programa Segundo Tempo, de seu ministério. O chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, irá recebê-lo. E embora se diga que a presidente Dilma estaria propensa a mantê-lo no cargo, vai ser difícil engolir suas justificativas.
As denúncias foram feitas pelo jornal “Estado de S. Paulo”, mostrando que o projeto do Ministério do Esporte só em 2010 distribuiu R$ 30 milhões a ONGs de dirigentes e aliados do partido. A reportagem do Estadão percorreu núcleos esportivos em Brasília, Goiás, Piauí, São Paulo e Santa Catarina e flagrou convênios com entidades de fachada, situações precárias e de abandono, uma grande farra do boi com recursos públicos.
As verbas do programa Segundo Tempo deveriam ser usadas para criar 590 núcleos de prática esportiva e beneficiar 60 mil crianças carentes. Mas é tudo só no papel. E as denúncias de favorecimento ao PCdoB são gravíssimas. No Piauí, por exemplo, a logomarca do programa Segundo Tempo, aparece estampada em muros de núcleos improvisados com tijolos e bambus. Alguns desses núcleos estão abandonados, cheios de detritos, mas têm algo em comum: apesar da precariedade, são controlados pela Federação das Associações dos Moradores do Piauí (Famepi), subordinada ao PCdoB.
A entidade tem um contrato de R$ 4,2 milhões com o governo federal, sem licitação, para montar 126 núcleos e beneficiar 12 mil crianças. Seu presidente é Raimundo Mendes da Rocha, dirigente do PCdoB no Piauí. Pelo menos nove integrantes da direção da federação fazem parte do comando regional do partido.
Em Teresina (PI), no lugar de uma quadra poliesportiva, os jovens usam um matagal, onde improvisam tijolos e bambus para jogar futebol e vôlei. Do lado de fora, no muro do terreno, a logomarca do Segundo Tempo anuncia que ali existiria um núcleo do programa. O local é um dos espaços cadastrados pela entidade que já recebeu R$ 4,2 milhões para cuidar do projeto. Todos os seus dirigentes, é bom lembrar, são do PCdoB.
Em Goiás, na procura por um núcleo cadastrado na cidade do Novo Gama, por exemplo, a reportagem encontrou um terreno baldio onde deveria funcionar um campo de futebol. Cerca de 2,2 mil crianças foram iludidas na cidade por uma entidade-fantasma sem fins lucrativos.
No Novo Gama, embora o programa Segundo Tempo seja só promessa, na última campanha eleitoral, foi usado como realidade pelo vice-presidente do PCdoB do DF, Apolinário Rebelo. O mesmo ocorreu na Ceilândia (DF).
Em Santa Catarina, lideranças de comunidades carentes criticaram a intermediação do Instituto Contato (dirigido pelo PCdoB) no programa Segundo Tempo e anunciaram que abriram mão do projeto. Aulas de tênis são dadas na calçada, com raquetes de plástico.
O pior é que o Ministério do Esporte publicou agora em janeiro um convênio de R$ 16 milhões do Programa Segundo Tempo com o Instituto Contato, que não havia cumprido o prazo de convênio anterior com o próprio ministério para cuidar do mesmo projeto. Presidido por Rui de Oliveira, filiado ao PCdoB, o Instituto Contato teve seu contrato rescindido em dezembro, segundo decisão do ministério publicada no Diário Oficial da União, “tendo em vista o não cumprimento do objeto pactuado, quanto à realização das atividades constantes no Plano de Trabalho, e o não cumprimento das metas físicas e financeiras previstas no Plano de Aplicação”. Mesmo assim, acaba de ganhar mais R$ 16 milhões.
Mas a campeã de recursos do governo é a ONG Bola Pra Frente, dirigida pela ex-jogadora de basquete Karina Rodrigues, vereadora de Jaguariúna (SP) pelo PCdoB. Desde 2004, R$ 28 milhões já foram repassados à entidade.
Diante dessa realidade, como o ministro Orlando Silva conseguirá se explicar no Planalto? Se for mantido, isso significará que podemos dar adeus às ilusões e considerar o governo como uma simples formação de quadrilha (qualquer grupo criminoso integrado por mais de três meliantes, segundo o Código Penal).
Mas vamos torcer para a presidente Dilma mostrar a que veio e soltar a Polícia Federal em cima desses estelionatários travestidos de comunistas. Pobre Marx. Se o genial pensador alemão soubesse o que fariam em seu nome, certamente teria se dedicado ao paisagismo.
Para terminar: outro ministro que está mal na foto é Carlos Lupi, do Trabalho e Emprego. Suas peripécias ao liberar verbas para “capacitação de motoboys” podem lhe custar caro. Mas isso é outro assunto, que merece uma atenção especial.
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