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(Alguém se lembra do Gilberto Izoldi?)
Ilustração - Presépio montado em Garachico - Ilha da Madeira - Portugal |
Ilustração - Presépio montado em Garachico - Ilha da Madeira - Portugal |
É Natal!
Por: Fernando Lemos (02/12/2004) Andando por Campos Elíseos nesta tarde do dia 2 de dezembro, pude sentir o espírito natalino das compras no ar... Quinta-feira e o movimento de gente no calçadão já começa a impressionar... Compras, compras e mais compras...Veio-me à lembrança, instantaneamente, o “Seu” Gilberto e seu presépio.
Gilberto Izoldi era uma pessoa simples, que trabalhava com mármore na confecção de lápides. Um de seus filhos (ou seria irmão? Não tenho certeza.) era mudo e por isso todos o tratavam, obviamente, por “Mudinho”. Era o Mudinho que talhava as lápides com maestria, precisão e paciência; deixando um pouco de tempo livre para o “Seu” Gilberto preparar o presépio.
Era uma obra de arte, aquilo... E nos enchia os olhos de alegria, e o coração de emoção.
Ele montava o presépio debaixo de uma enorme mangueira, no quintal da sua casa na Rua Timburibá, perto do C.C.R.R. e era tudo movido a água (menos a luz, é claro!). Ele tentava reproduzir com fidelidade, a cidade de Belém na época de Jesus.
As casinhas, as ruas de areia pintada, os rios, o céu azul salpicado de estrelinhas prateadas iluminadas por pequenas e fracas lampadinhas e uma enorme estrela de Belém, com sua calda indicando o local do nascimento de Jesus. Os campos, onde os animais pastavam, remexendo as cabeças ao sabor do vento, as moendas e o pilão d’água da época, movidas por bois e cavalinhos que rodopiavam dia e noite sem parar. Até os morros da cidade ele fazia... Tudo muito bem detalhado. No meio deles, a gruta onde repousava o Menino Jesus, cercado pela Santa Família, pelos animais e naturalmente, pelos Reis Magos, com suas oferendas ao Menino Deus! Os bonecos eram de barro, cerâmica, e uns poucos em plástico. O resto era feito de papel pintado (que imitavam as pedras com perfeição) e madeira aproveitada de caixinhas de uva. Tudo em miniatura.
Mas o que mais impressionava, além do tamanho do presépio (devia medir cerca de 5x4 metros mais ou menos e a cada ano crescia um pouquinho) era o movimento das águas. Os rios e riachos eram de água mesmo gente! Não era espelho não! E corriam, faziam pequenas cachoeiras, passavam por fazendas, onde moviam os moinhos; debaixo das pontes, onde barquinhos pareciam navegar de verdade e nos faziam sonhar. Tudo feito de improviso, mas com muito capricho e esmero.
A iluminação era perfeita (naquele tempo não existiam essas pisca-piscas modernas). Ele usava pequenas lâmpadas que davam um ar sempre noturno e realista ao presépio.
Mas... Como ele fazia isso? Simples... Durante o ano, o local do presépio (que era coberto de telhas e cercado por tela, dessas de galinheiro mesmo) ficava envolto num pano branco. E ai de quem tentasse dar uma “olhadinha” fora da época... O homem virava fera! Então, protegido dessa forma, e usando toda a sua criatividade, seus dons artísticos e muita paciência; cada dia ele trabalhava um pouquinho na sua obra. Sei disso, porque morava bem pertinho, na esquina da Eduardo Cotrim, onde hoje funciona o Museu da Imagem e do Som. Assim, tinha o privilegio de observar como as coisas aconteciam.
Quando chegava a época do Natal, ele retirava o pano que envolvia todo o presépio, e sua casa virava uma atração. Quase todos que vinham às missas natalinas, passavam pelo seu presépio. E se admiravam. Dá pra imaginar como nós, crianças, ficávamos?! Realmente era emocionante! E tudo que ele queria “de paga”, era ver a alegria das pessoas admirando sua obra. Só isso... Nada mais...
Anos 50, início de 60... Bons tempos, aqueles...
Mas...Como na vida nada é eterno; um dia “Seu” Gilberto partiu pra fazer parte de outro presépio, talvez representando um dos Magos que presenteiam o Menino. E sua obra terrestre foi desativada. Algumas peças eu reconheci no presépio que é montado anualmente na Igreja Matriz. Acho que a família as doou para a Igreja. Quem quiser, é só dar uma passadinha lá e vai sentir um pouquinho dessa magia...
Obrigado “Seu” Gilberto, pelos muitos natais simples, porém alegres e inocentes que nos proporcionou evocando tão somente a lembrança de que NATAL é comemoração do nascimento do Menino Jesus!
Amei, Fernando Lemos! É claro q me lembro do presépio de "seu" Gilberto Izoldi. Ia c/meus pais (principal/ mamãe) ver o presépio, todo ano. A propósito, sua filha Eni Izoldi foi minha 1a. prof. de piano, no CBM, em 1955. abraço gd
ResponderExcluirDulce Taranto
Obrigado pelo comentário Dulce. Eu tenho vontade de montar um presépio baseado no do "seu" Gilberto, que tanto me encantava. Lembro de quase todos os detalhes. Quem sabe arrumo um tempo e um espaço e monto para o ano que vem? Realizaria um sonho...
ResponderExcluirFeliz Natal e um excelente 2012 pra nós todos.
Fernando Lemos.
ResponderExcluirVocê nao me conhece, mas eu lhe conheci quando garotinho. Eu era uma mocinha e amiga de sua mae. Ela, duas ou tres vezes por semana, me convidava para tocar piano para ela e passar a tarde em sua casa. Meu nome é: Enir Izoldi de Amorim, filha de Gilberto Isoldi. Somente há poucos dias atras, desde de 2004, tivemos acesso pela internet,(eu e minha sobrinha Ligia Maria Portugal) e esta sua homenagem feita ao meu pai, pelo presépio, na ocasiao do natal. Eu, meu marido e minhas filhas, ficamos encantados. Em nome da familia:Joao Bosco (marido), Adriana, e Denise(filhas) e principalmente EU, agradecemos de coracao a linda homenagem que nos emocionou. Parabéns pela sua sensibilidade e carinho. OBRIGADA. Enir Izoldi de Amorim.
Enviado via iPad
Obrigado Enir. A emoção é minha também, tanto ao escrever o texto como ao leu seu comentário.
ExcluirAbração em todos aí.
Namastê.
I'm very happy to read these informations about the family Isoldi in this site. I live in Italy and I am just helping Denise in her search.
ResponderExcluirGiulio