Está
aparecendo mais cedo do que se imaginava
Lula e o petróleo. Irresponsabilidade total!!! - Foto: BVN |
Carlos Alberto Sardenberg
(O Globo - 28/06/2012)
Há menos de três
anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se
triunfante em uma entrevista ao jornal "Valor Econômico". Entre
outras coisas, contou, sem meias palavras, que a Petrobras não queria construir
refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008.
"Convoquei o conselho" da empresa, contou Lula. Resultado: não uma,
mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas
para a produção de óleo.
Em 25 de junho último, a
Petrobras informa oficialmente aos investidores que, das quatro, apenas uma
refinaria, Abreu e Lima, de Pernambuco, continua no plano com data para
terminar. E, ainda assim, com atraso, aumento de custo e sem o dinheiro e óleo
da PDVSA de Chávez. Todas as metas de produção foram reduzidas. As anteriores
eras "írrealístas", disse a presidente da companhia, Graça Foster,
acrescentando que faria uma revisão de processos e métodos. Entre outros
equívocos, revelou que equipa-
mentos eram comprados antes de os projetos estarem prontos e aprovados.
mentos eram comprados antes de os projetos estarem prontos e aprovados.
Nada se disse
ainda sobre os custos disso tudo para a Petrobras. Graça Foster informou que a
refinaria de Pernambuco começará a funcionar em novembro de 2014, com 14 meses
de atraso em relação à meta anterior, e custará US$ 17 bilhões, três bi a mais.
Na verdade, as metas agora revistas já haviam sido alteradas. O equívoco é
muito maior.
Quando anunciada por Lula, a refinaria
custaria US$ 4 bilhões e ficaria pronta antes de 2010. Como uma empresa como a
Petrobras pode cometer um erro de planejamento desse tamanho? A resposta é
simples: a estatal não tinha projeto algum para isso, Lula decidiu, mandou
fazer e a diretoria da estatal improvisou umas plantas.
Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações.
Anunciaram e os presidentes fizeram várias inaugurações.
O nome disso é
populismo. E custo Lula. Sim, porque o resultado é um prejuízo para os
acionistas da Petrobras, do governo e do setor privado, de responsabilidade do
ex-presidente e da diretoria que topou a
montagem.
Tem mais na conta. Na mesma entrevista,
Lula disse que mandou o Banco do Brasil comprar o Votorantim, porque este tinha
uma boa carteira de financiamento de carros usados e era preciso incentivar
esse setor. O BB comprou, salvou o Votorantim e engoliu prejuízo de mais de
bilhão de reais, pois a inadimplência ultrapassou todos os padrões. Ou seja, um
péssimo negócio, conforme muita gente alertava. Mas como o próprio Lula
explicou: "Quando fui comprar 50% do Votorantim, tive que me lixar para a
especulação."
Quem escapou de prejuízo maior foi a
Vale. Na mesma entrevista, Lula
confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio. Quando os jornalistas comentam que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula argumentou que a empresa
privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo.
confirmou que estava, digamos, convencendo a Vale a investir em siderúrgicas e fábricas de latas de alumínio. Quando os jornalistas comentam que a empresa talvez não topasse esses investimentos por causa do custo, Lula argumentou que a empresa
privada tem seu primeiro compromisso com o nacionalismo.
A Vale topou muita coisa vinda de Lula,
inclusive a troca do presidente da companhia, mas se tivesse feito as
siderúrgicas estaria quebrada ou perto disso. Idem para o alumínio, cuja
produção exige muita energia elétrica, que continua a mais cara do mundo.
Ou seja, não era momento, nem havia
condições de fazer refinarias e siderúrgicas. Os técnicos estavam certos. Lula
estava errado. As empresas privadas foram se virando, mas as estatais se
curvaram.
Ressalva: o
BNDES, apesar das pressões de Brasília, não emprestou dinheiro para a PDVSA
colocar na refinaria de Pernambuco. Ponto para seu corpo técnico.
Quantos outros projetos
e metas do governo Lula são equivocados? As obras de transposição do Rio São
Francisco estão igualmente atrasadas e muito mais caras. O projeto do trem-bala
começou custando R$ 10 bilhões e já passa dos 35 bi.
Assim como se
fez a revisão dos planos da Petrobras, é urgente uma análise de todas as demais
grandes obras. Mas há um outro ponto, político. A presidente Dilma estava no
governo Lula, em posições de mando na área da Petrobras. Graça Foster era
diretoria da estatal. Não é possível imaginar que Graça Foster tenha feito essa
incrível
autocrítica sem autorização de Dilma.
autocrítica sem autorização de Dilma.
Ora, será que as duas só tomaram
consciência dos problemas agora? Ou sabiam perfeitamente dos erros então
cometidos, mas tiveram que calar diante da força e do autoritarismo de Lula? De
todo modo, o custo Lula está aparecendo mais cedo do que se imaginava.
Inclusive na política.
Fonte: Por e-mail - J.A.Somavilla
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