***RUI BARBOSA***

***RUI BARBOSA***
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
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sábado, 25 de junho de 2011

Resende: Feriadão sem Cultura.



           Acordamos na quinta-feira (23/06) dispostos a plantar uma árvore, idéia que vinha amadurecendo há tempos nas nossas cabeças. Minha mulher sugeriu darmos uma chegadinha no Horto Florestal para escolhermos uma mudinha já desenvolvida. Tomamos o café da manhã e por volta das 10:00h saímos em busca da arvorezinha no horto. Mas para nossa decepção... Estava fechado! Conversamos com uma pessoa que de lá saía, e soubemos que “só na segunda terá expediente” pois os funcionários da Prefeitura estavam “emendando” o feriadão. Aproveitamos para apreciar a vista da Mantiqueira, que se exibia magnífica naquele local e minha mulher sugeriu: “Que tal um bom livro?”. Achei a idéia excelente e partimos para a Biblioteca Municipal, ali na rua do Rosário, ao lado da Igreja. Mas... Não estava funcionando também. “Que coisa chata”, pensamos! “Vamos ver o que tem na Casa da Cultura?” Era perto e para nossa surpresa... Fechada também! “Mas que diabos está  havendo?”, dissemos um ao outro, surpresos e já pensando no que os turistas poderiam achar de nossa cidade. Pra fechar o ciclo, resolvemos visitar o Museu de Arte Moderna de Resende. Para chegar ao MAM, tivemos que dar uma volta comprida porque a praça Oliveira Botelho estava interditada. Paramos o carro e fomos ver o motivo. Surpresa!!! Estavam fazendo o tapete para a procissão de Corpus Christi. Mas... Ao lado da Igreja? Coisa mais estranha. Antigamente esse tapete era feito defronte à Igreja e começava lá no fim da rua Cunha Ferreira (Praça Coelho Gomes, ou da Figueira, como preferirem), onde os moradores colocavam toalhas brancas rendadas nas janelas e saudavam a procissão com papel picado e fogos... (A explicação viria mais tarde, em casa,  pela edição virtual do jornal Beira-Rio: O cimento da praça “revitaporcalizada” absorve a tinta dos tapetes – gente, que vergonha! Uma tradição se extinguindo por causa do piso inadequado do local! Pode isso?!). Deixando a praça de lado, seguimos para o MAM, já prevendo o que nos esperava, e que infelizmente foi confirmado: Também estava fechado!
            Sem saída e um pouco aborrecidos, voltamos pra casa de mãos e mentes “abanando”. Era nossa intenção almoçar fora, mas com a falta de atrativos... Almoçamos em casa mesmo. Pior para algum restaurante que perdeu cliente certo. E para a economia de modo geral. Afinal, uma coisa leva à outra.
Alimentados, resolvemos conhecer o novo shopping na entrada da cidade. Chegamos por volta de 13:20h e já estava aberto. Na entrada o horário: Domingos e feriados das 11 às 23:00h. Como estávamos dentro desse horário achamos que agora daria tudo certo. Ledo engano. As lojas só abriam às 15:00h. Soubemos, por perguntar, que a partir das 11:00h só a praça de alimentação e alguns brinquedos. Ah! Então tá... Enquanto aguardávamos a abertura das lojas, resolvi fazer umas fotos. Em determinado momento, sou abordado por um segurança que me informa ser proibido fotografar. Argumentei que ali era um local público e tinha um monte de pessoas fotografando seus filhos nos brinquedos e que eu era jornalista. Ele se desculpou dizendo estar cumprindo ordens, mas insistiu para que eu parasse “imediatamente” de fotografar: “Foto não pode, só com autorização da administração!”. Como já tinha fotografado bastante, resolvi dar uma saída para esfriar a cabeça e dar uma baforada “cigarrétiga”. Achei interessante o estacionamento com a vista do Monet, a cidade ao fundo, e recomecei a sessão de fotos. Sou novamente abordado por um segurança, desta vez um Supervisor, muito educado que me explica o porque não podia fotografar: “ Isso aqui é um condomínio fechado, tem administrador, tem síndico, etc...” Olhei pra ele, não aguentei e lasquei: “Amigo, sou jornalista há mais de quarenta anos, fui preso durante a ditadura por motivos políticos e profissionais, esse tempo já passou...” Ele me ouviu e rolou um papo legal. Argumentei que deveria haver um aviso proibindo a prática de fotografia no interior do Shopping (que fatalmente seria contestado por todos) e coisas assim. No fim, pediu desculpas, mas “ordens são ordens” e um tradicional e manjado “não me leve a mal” encerraram o papo. Resumindo: Satisfeito com o que já tinha obtido em termos de fotos; lojas abertas, demos uma olhada, compramos o que queríamos e voltamos pra casa.

    
Acho que já passou da hora da Prefeitura de Resende rever a escala de trabalho de seus funcionários e disponibilizar para a população os museus e a biblioteca para os munícipes e turistas nos fins de semana e feriados. Afinal, quem paga por isso somos nós, né mesmo?! Não basta ter, é preciso propiciar condições de uso à todos. Afinal, nem só de aposentados, estudantes e desempregados vivem as áreas de educação, cultura e lazer de um município. Que o diga os trabalhadores da ativa. Bibliotecas e museus fechados é contribuição certa para o aumento da ignorância. 
E o Shopping Pátio Mix, um belo empreendimento, diga-se de passagem; chegando agora por aqui, fresco no pedaço, precisa entender que ali não é um “condomínio fechado”, mas um mercado aberto, visto que todos entram sem pagar nem apresentar documentos. Só é pago o estacionamento: Extorsivos R$ 4,00 pelas primeiras 4 horas. Foi o que pagamos para ficar apenas duas horas e quarenta minutos.
Bom domingo a todos.             

Abaixo, os locais que visitamos (fechados) e as “proibidas” do Shopping Pátio Mix.


Texto e fotos: Fernando Lemos

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